Denunciado como líder da organização criminosa (orcrim) que tentou um golpe de Estado, Jair Bolsonaro (PL) vê a situação como sem saída em seu julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) - e já fala até mesmo em fuga antes de uma provável condenação.
Relator do caso na corte, Alexandre de Moraes deve acatar a denúncia do Procurador-Geral da República (PGR) e transformar Bolsonaro e 33 membros da quadrilha réus logo após o Carnaval.
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Apesar da pressão de uma parcela de juristas, que acredita que uma condenação pelo plenário seria mais incisiva, Moraes deve manter o julgamento da orcrim na primeira turma do Supremo, responsável pelos casos criminais.
A pressão também ocorre por parte dos bolsonaristas, pois no plenário o ex-presidente poderia contar com votos de André Mendonça e Kássio Nunes Marques contrários à condenação.
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No entanto, Moraes pretende manter o julgamento na primeira turma, onde dividirá a análise com Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux.
Dessa forma, uma provável condenação ganha um contexto ainda mais dramático para Bolsonaro.
Caso a condenação se dê por unanimidade - o que é passível de acontecer -, o ex-presidente não poderá recorrer ao plenário do STF.
Isso porque em 2018 o STF definiu que, em caso de condenação em ação penal em alguma das turmas, só seria possível recorrer ao plenário da corte se a turma tivesse dado pelo menos dois votos para absolver o réu.
A dramaticidade do caso ainda diz respeito a quem lerá a sentença que pode levar Bolsonaro a cumprir pena de até 30 anos - a máxima permitida no Brasil - de prisão.
Atualmente, a primeira turma é presidida por Cristiano Zanin, que defendeu Lula na Lava Jato.
Em outubro, o comando da turma muda e quem assume é Flávio Dino, que durante a tentativa do golpe no 8 de Janeiro era ministro da Justiça do recém empossado governo Lula.
Caberá por tanto a um dos dois indicados por Lula à corte ler a sentença que colocará Bolsonaro atrás das grades pela tentativa de golpe.