CONGRESSO NACIONAL

PEC da Anistia: CCJ do Senado aprova proposta que reduz verba para candidatos negros

Parlamentares também aprovaram pedido de urgência para votação em plenário

CCJ do Senado aprova proposta que reduz verba para candidatos negros.Créditos: Jonas Pereira/Agência Senado
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A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou, nesta quarta-feira (14), a PEC (9/2023), conhecida como PEC da Anistia, que perdoa multas de partidos que não cumpriram cotas raciais e diminui verba para candidatos negros. 

Atualmente, como decidiu o Supremo Tribunal Federal (STF) em 2020, a verba destinada a candidaturas de pessoas pretas e pardas é decidida de forma proporcional ao número de candidatos brancos e negros. Com o novo texto, os partidos serão obrigados a destinar 30% da verba, que também passa a poder ser destinada a apenas um candidato. 

Além da aprovação da CCJ, o texto também ganhou pedido de urgência para sua análise no plenário. A PEC já foi aprovada na Câmara dos Deputados em julho.

A proposta é chamada de PEC da Anistia e uma vez que aprovada, os partidos ficam isentos de pagar multas que somam cerca de R$ 23 bilhões, segundo organizações de transparência. 

As siglas também não terão recursos dos Fundos Eleitoral e Partidário suspensos devido a irregularidades nas prestações de contas antes da promulgação do texto. Elas poderão usar o recurso para parcelar multas eleitorais, outras sanções e débitos de natureza não eleitoral.

A PEC também cria um Programa de Recuperação Fiscal (Refis) que permite a renegociação de débitos dos partidos e seus institutos com isenção de juros e multas acumuladas. O parcelamento poderá ocorrer a qualquer tempo em até 180 meses, a critério do partido.

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A maior parte da base do governo Lula na Câmara dos Deputados é favorável à proposta, que tem o apoio ainda de parlamentares do centrão, da direita e da extrema direita, como a deputada Bia Kicis (PL-DF). 

Presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores, a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), em sessão da comissão especial, saiu em defesa da PEC da Anistia e criticou as multas impostas pela Justiça Eleitoral aos partidos políticos. 

"Eu queria falar das multas dos tribunais eleitorais, que não são exequíveis e trazem a visão subjetiva da equipe técnica do tribunal, que sistematicamente entra na vida dos partidos políticos, querendo dar orientação, interpretando a vontade de dirigentes, a vontade de candidatos. Isto inviabiliza os partidos. Não pode haver uma Justiça Eleitoral. O Brasil é um dos únicos países do mundo que tem Justiça Eleitoral. Isto já é um absurdo e custa três vezes mais do que o financiamento de campanha. Talvez precisemos mudar. Uma multa precisa ser pedagógica. A multa tem que trazer sanção política”, declarou a petista. 

Acusada de propor a extinção da Justiça Eleitoral, Gleisi, depois, foi às redes sociais para tentar esclarecer sua posição sobre o tema. 

“A intervenção indevida dos órgãos técnicos da Justiça Eleitoral sobre a autonomia dos partidos políticos na utilização de recursos, sejam próprios ou dos fundos constitucionais. Que apontem desvios, é seu dever, mas extrapolam suas atribuições, tutelam o cotidiano dos partidos, interpretam vontade de dirigentes e candidatos, desrespeitam jurisprudências do Judiciário. Estipulam multas em valores inconcebíveis que, ao invés de corrigir, inviabilizam o funcionamento das legendas, que são essenciais à democracia”, escreveu. 

Já a Rede e o PSOL são contra a PEC da Anistia. A deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS), por exemplo, chama a atenção para os casos de "candidaturas laranja", isto é, candidaturas fictícias criadas por alguns partidos apenas para cumprir a cota mínima de mulheres no pleito eleitoral. 

“A proposta tem o relator de um partido político que é diretamente beneficiado por um ‘jabuti’ gigante, que busca revogar uma decisão da Justiça do Ceará (...) São sete candidaturas de mulheres usadas como laranja, com condenação em primeiro e segundo grau pela Justiça do Ceará, condenações importantíssimas para combater o uso de candidatas laranja", destacou a parlamentar gaúcha. 

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