PERDÃO A PARTIDOS

O que é a PEC da Anistia, quem apoia e quais os pontos polêmicos

Proposta que será votada livra partidos de punições por irregularidades em candidaturas nas eleições de 2022 e isenta as legendas de R$ 23 bilhões em dívidas à Justiça Eleitoral

Talíria Petrone (contra a PEC), Antonio Carlos Rodrigues (relator) e Gleisi Hoffmann (a favor da PEC0.Créditos: /Fotos: Agência Câmara
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Uma comissão especial da Câmara dos Deputados deve votar, nesta terça-feira (26), a Proposta de Emenda à Constituição 9/23, conhecida como PEC da Anistia. Caso aprovado, o projeto seguirá para votação no plenário da Casa e, na sequência, será submetido ao crivo do Senado. 

Cercada de polêmicas mas apoiada por parlamentares da direita à esquerda, e PEC da Anistia prevê a anulação das punições aos partidos políticos que não cumpriram cotas de candidaturas para pessoas negras e mulheres na eleição de 2022.  A proposta precisa da aprovação de 308 deputados em duas votações no plenário da Câmara e tem até o próximo dia 6 de outubro para ser aprovada no Senado e já valer para as próximas eleições.

O texto em discussão, um substitutivo do relator, deputado Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP), ao projeto do deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), estabelece um percentual mínimo de 20% repasse de verbas do fundo partidário a candidaturas negras, substituindo a norma em vigor que propõe uma distribuição proporcional. Também prevê que a presença feminina nas casas legislativas suba de 15% para 20% em 2026. Além disso, desobriga as legendas a garantirem 30% das suas candidaturas para mulheres.

A PEC, em outro ponto considerado polêmico, ainda isenta os partidos políticos de pagarem mais de R$ 23 bilhões em dívidas à Justiça Eleitoral.

Quem é contra e quem é a favor

A maior parte da base do governo Lula na Câmara dos Deputados é favorável à proposta, que tem o apoio ainda de parlamentares do centrão, da direita e da extrema direita, como a deputada Bia Kicis (PL-DF). 

Presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores, a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), em sessão da comissão especial, saiu em defesa da PEC da Anistia e criticou as multas impostas pela Justiça Eleitoral aos partidos políticos. 

"Eu queria falar das multas dos tribunais eleitorais, que não são exequíveis e trazem a visão subjetiva da equipe técnica do tribunal, que sistematicamente entra na vida dos partidos políticos, querendo dar orientação, interpretando a vontade de dirigentes, a vontade de candidatos. Isto inviabiliza os partidos. Não pode haver uma Justiça Eleitoral. O Brasil é um dos únicos países do mundo que tem Justiça Eleitoral. Isto já é um absurdo e custa três vezes mais do que o financiamento de campanha. Talvez precisemos mudar. Uma multa precisa ser pedagógica. A multa tem que trazer sanção política”, declarou a petista. 

Acusada de propor a extinção da Justiça Eleitoral, Gleisi, depois, foi às redes sociais para tentar esclarecer sua posição sobre o tema. 

“A intervenção indevida dos órgãos técnicos da Justiça Eleitoral sobre a autonomia dos partidos políticos na utilização de recursos, sejam próprios ou dos fundos constitucionais. Que apontem desvios, é seu dever, mas extrapolam suas atribuições, tutelam o cotidiano dos partidos, interpretam vontade de dirigentes e candidatos, desrespeitam jurisprudências do Judiciário. Estipulam multas em valores inconcebíveis que, ao invés de corrigir, inviabilizam o funcionamento das legendas, que são essenciais à democracia”, escreveu. 

Já a Rede e o PSOL são contra a PEC da Anistia. A deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS), por exemplo, chama a atenção para os casos de "candidaturas laranja", isto é, candidaturas fictícias cridas por alguns partidos apenas para cumprir a cota mínima de mulheres no pleito eleitoral. 

“A proposta tem o relator de um partido político que é diretamente beneficiado por um ‘jabuti’ gigante, que busca revogar uma decisão da Justiça do Ceará (...) São sete candidaturas de mulheres usadas como laranja, com condenação em primeiro e segundo grau pela Justiça do Ceará, condenações importantíssimas para combater o uso de candidatas laranja", destacou a parlamentar gaúcha. 

Votação na CCJ

No mês de maio, a constitucionalidade da PEC da Anistia foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. Confira abaixo como votou cada parlamentar que integra o colegiado. 

Votou sim

  • Capitão Augusto (PL-SP)
  • Carlos Jordy (PL-RJ)
  • Coronel Fernanda (PL-MT)
  • Del. Éder Mauro (PL-PA)
  • Delegado Ramagem (PL-RJ)
  • Jorge Goetten (PL-SC)
  • Julia Zanatta (PL-SC)
  • Pr. Marco Feliciano (PL-SP)
  • Robinson Faria (PL-RN)
  • Rosângela Reis (PL-MG)
  • Yury do Paredão (PL-CE)
  • Pastor Eurico (PL-PE)
  • Antonio Carlos R. (PL-SP)
  • Alencar Santana (PT-SP)
  • Bacelar (PV-BA)
  • Flávio Nogueira (PT-PI)
  • Helder Salomão (PT-ES)
  • Gleisi Hoffmann (PT-PR)
  • Rubens Otoni (PT-GO)
  • Lindbergh Farias (PT-RJ)
  • Rubens Pereira Jr. (PT-MA)
  • Rui Falcão (PT-SP)
  • Delegado Marcelo (UNIÃO-MG)
  • Tião Medeiros (PP-PR)
  • Julio Arcoverde (PP-PI)
  • Lázaro Botelho (PP-TO)
  • Aguinaldo Ribeiro (PP-PB)
  • Covatti Filho (PP-RS)
  • Cobalchini (MDB-SC)
  • Juarez Costa (MDB-MT)
  • Renilce Nicodemos (MDB-PA)
  • Delegada Katarina (PSD-SE)
  • Diego Coronel (PSD-BA)
  • Paulo Magalhães (PSD-BA)
  • Waldemar Oliveira (AVANTE-PE)
  • Zé Haroldo Cathedral (PSD-RR)
  • Lafayette Andrada (REPUBLICANOS-MG)
  • Marcelo Crivella (REPUBLICANOS-RJ)
  • Murilo Galdino (REPUBLICANOS-PB)
  • Roberto Duarte (REPUBLICANOS-AC)
  • Silvio Costa Filho (REPUBLICANOS-PE)
  • Fausto Santos Jr. (UNIÃO-AM)
  • Dr. Victor Linhalis (PODE-ES)
  • Maria Arraes (SOLIDARIEDADE-PE)
  • Gervásio Maia (PSB-PB)

Votou não

  • Alfredo Gaspar (UNIÃO-AL)
  • Kim Kataguiri (UNIÃO-SP)
  • Mendonça Filho (UNIÃO-PE)
  • Rosângela Moro (UNIÃO-SP)
  • Gerlen Diniz (PP-AC)
  • Gilson Marques (NOVO-SC)
  • Deltan Dallagnol (PODE-PR)
  • Tabata Amaral (PSB-SP)
  • Sâmia Bomfim (PSOL-SP)
  • Tarcísio Motta (PSOL-RJ)

Veja a íntegra do parecer do relator sobre a PEC da Anistia que será votado pela comissão especial