O general Freire Gomes, que comandava o Exército em 2022, falou por mais de 5 horas à Polícia Federal nesta sexta-feira (1) sobre as suspeitas de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados civis e militares tenham conspirado para impedir a posse de Lula (PT) em primeiro de janeiro de 2023.
Ouvido na condição de testemunha, ou seja, podendo ficar em silêncio em troca de não mentir, o general começou a prestar seu depoimento às 15h e, segundo o g1, após as 20h ainda falava com os investigadores.
Te podría interesar
De acordo com a PF, Freire Gomes teria tido um importante na não concretização dos planos golpistas, ao recusar colocar suas tropas à serviço da trama. No entanto, os investigadores querem saber a razão pela qual ele não denunciou a conspiração.
O depoimento foi dado no âmbito da Operação Tempus Veritatis, que já ouviu importantes figuras relacionadas ao episódio. Na última semana o próprio Jair Bolsonaro foi “ouvido”. O ex-presidente inelegível guardou silêncio diante dos federais.
Te podría interesar
Também foram ouvidos pela operação o general Walter Braga Netto, candidato à vice-presidência em 2022; Valdemar Costa Neto, presidente do PL; o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; e o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres.
A operação foi deflagrada em 8 de fevereiro e usa como base, entre outras, a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid. De acordo com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Freire Gomes participou das reuniões que debateram minuta golpista e irritou Braga Netto por não aderir ao projeto. O almirante Garnier, por sua vez, teria colocado suas tropas a disposição da intentona golpista.
A indisposição foi tanta, que em mensagem a outro oficial interceptada pela investigação, Braga Netto chegou a xingar Freire Gomes de "cagão".
Mas Freire Gomes também precisa se explicar sobre alguns detalhes que depõem contra ele. Pesam acusações relacionadas ao acampamento bolsonarista armado diante do Quartel-General do Exército em Brasília.
Em conversa com Paulo Cappelli [interventor do Ministério da Justiça na Segurança Pública do DF], na noite de 8 de janeiro de 2023, Freire Gomes teria se recusado a desmobilizar o acampamento naquele exato momento, e negociou uma saída para a manhã do dia seguinte. Imagens desse momento viralizaram com as tropas do Exército em formação que sugeria a proteção aos acampados e a confrontação em relação às polícias que acompanhavam o interventor.
No final das contas, Lula autorizou e o acampamento seria desfeito na manhã de 9 de janeiro, culminando na prisão dos seus ocupantes. Clique aqui e saiba mais sobre o papel de Freire Gomes.