O ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, foi indiciado pela Polícia Federal no começo do mês por quatro crimes que nada têm a ver com os ataques de 8 de janeiro em Brasília. A Justiça Federal agora irá avaliar se ele cometeu os crimes de posse e maus-tratos de animais silvestres, além de falsidade ideológica e falsificação de selos.
Logo após sua prisão em janeiro passado, por omissão em relação aos ataques de 8 de janeiro, Torres foi multado pelo Ibama por manter pássaros em cativeiro na sua residência. De acordo com a investigação, os três criadouros encontrados no local estavam irregulares.
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Quase todos os animais eram silvestres e a maioria deles era da espécie “bicudo”, famosa e desejada por participar em competições de canto e que está ameaçada de extinção. Um indivíduo da espécie é comercializado por cerca de R$ 4 mil.
A partir daí o documento pelo qual Torres é indiciado passou a ser elaborado. Além dele, também a sua mãe, Amélia Gomes da Silva Torres, foi indiciada pelos crimes contra os animais.
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Falsidade ideológica
O crime de falsidade ideológica foi apontado no indiciamento pois Torres teria entrado no sistema eletrônico do Ibama e transferido para o nome da mãe dois reservatórios de pássaros que estavam sob responsabilidade de órgãos ambientais.
Caso a Justiça aceite a denúncia e julgue os réus culpados, Torres e sua mãe podem pegar de 1 a 5 anos de prisão e multa como pena.
Falsificação de selos
Pássaros e animais silvestres que são mantidos de forma regular em cativeiro possuem as chamadas “anilhas”, uma espécie de anel envolto nas patas que servem como identificação.
Torres tinha 8 pássaros com as anilhas falsas. A pena para esse crime varia de seis meses a um ano de prisão e multa.
Maus-tratos e posse irregular de animais silvestres
Com a constatação que os três criadouros de pássaros silvestres de Torres estavam irregulares, os federais tentam enquadrá-lo no crime de posse irregular desse animais. As penas variam de seis meses a um ano de detenção e multa.
Já os maus-tratos contra as 32 aves podem render penas de três meses a um ano, além do pagamento de multa. Caso condenado em todos os crimes, as penas podem chegar a 8 anos de prisão e acumular uma série de multas.
Outro lado
Ao Estadão, a defesa de Torres afirma que a PF não tem competência para atuar no caso e que o bolsonarista foi indiciado ao lado da mãe sem que a dupla fosse ouvida pela investigação.