NÚCLEO BOLSONARISTA

Valdemar Costa Neto suspende salários de Braga Netto e ex-assessor de Bolsonaro

Corte teria sido feito após a operação Tempus Veritatis, que impediu contato entre os investigados.

Valdemar Costa Neto.Créditos: Alan Rios/Reprodução
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O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, tomou uma medida surpreendente para o núcleo duro bolsonarista. O político cortou os salários no partido do ex-ministro e general Walter Braga Netto, e de um ex-assessor pessoal de Jair Bolsonaro (PL).

Braga Netto recebia uma remuneração mensal de R$ 40 mil por uma função de coordenação da logística e organização dos palanques eleitorais. Por sua vez, Marcelo Câmara ganhava um salário de R$ 20 mil por mês para assessorar o ex-presidente, conforme apuração da jornalista Andreia Sadi, do g1

O presidente da legenda teria suspendido o pagamento dos salários há cerca de duas semanas, desde que foi alvo de medida proibitiva de manter contato com os demais investigados da Operação Tempus Veritatis, deflagrada pela Polícia Federal em 8 de fevereiro. Braga Netto e Câmara também foram alvo das ações policiais.

Além da suspensão dos valores, o presidente também avalia como improvável o retorno de Bolsonaro à sigla com o avanço das investigações acerca da tentativa de golpe de Estado para mantê-lo no poder. Como principal cabo eleitoral do PL, o ex-presidente deve ser preso.

O cacique do partido teria respondido a uma série de perguntas realizadas durante o depoimento à Polícia Federal, na quinta-feira (22), segundo a colunista Bela Megale, do O Globo. De acordo com seu advogado, Marcelo Bessa, nunca foi cogitado que Valdemar permanecesse em silêncio, prática adotada pelos demais interrogados.

Os 11 depoimentos foram marcados para às 14h30, todos no mesmo horário, com o objetivo de impedir a combinação de versões conforme o andamento das oitivas. A estratégia dos agendamentos simultâneos foi utilizada nas investigações do caso das joias.

Na ocasião, Bolsonaro, a ex-primeira dama Michelle, o advogado Fábio Wajngarten, o ex-assessor Marcelo Câmara e o tenente Osmar Crivellati decidiram por permanecer em silêncio, para evitar a declaração de versões diferentes ou incriminar os aliados.

Obrigado a comparecer, Bolsonaro adotou o silêncio durante o período previsto para o depoimento, bem como seus aliados, conforme aviso prévio de suas defesas.

Prisão de Valdemar

Valdemar Costa Neto foi preso em flagrante após mandado de busca e apreensão em sua residência por posse de arma de fogo sem registro. De acordo com a jornalista Camila Bomfim, da Globo News, a arma estava com documentação vencida e registrada no nome do filho do político.

Alvo da operação Tempus Veritatis, o chefe da legenda de Bolsonaro guardava uma pepita de ouro oriunda de garimpo ilegal, atividade que coloca povos indígenas, como os Yanomami em Roraima, em perigo de extinção devido à violência das disputas de terras e da contaminação dos rios.

Encontrado pela Polícia Federal durante as buscas, o metal precioso o colocou como suspeito de "usurpação de bem mineral da União". A pepita pesa 39 gramas e tem valor aproximado de R$ 12 mil.

No sábado (10), Moraes concedeu liberdade provisória a Costa Neto. A prisão em flagrante já havia sido convertida em preventiva dois dias antes, mas após recomendação da Procuradoria-Geral da República (PGR), o presidente do PL vai responder em liberdade.

Segundo a decisão de Alexandre de Moraes, a idade avançada de Costa Neto, que tem 74 anos, além da ausência de  violência ou grave ameaça na prática dos crimes em que é acusado, foram as principais razões para a concessão de liberdade provisória.