A Polícia Federal (PF) pediu que pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) investiguem a origem da pepita de ouro encontrada com Valdemar Costa Neto, presidente do Partido Liberal (PL), preso em flagrante no dia 8 de fevereiro por participação na trama golpista do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A primeira parte da análise do material foi realizada pelo Instituto de Criminalística da PF em Brasília, que atestou que a pepita era oriunda do garimpo ilegal. Com o ouro encontrado, Valdemar também se tornou suspeito de “usurpação de bem mineral da União”, segundo a PF.
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A conclusão foi feita com base nas características da pedra, como sua estrutura mineralógica e seu formato de “esponja”.
"As características da pepita de ouro mineral, tais como o alto teor de ouro, textura, granulometria e a sua composição química e mineral, indicam que se trata de produto aurífero primário, proveniente de retirada direta da jazida, sem processamento, típico de atividade de garimpagem”, afirmou o laudo da perícia da PF.
Porém, não foi possível identificar a origem da pepita devido à ausência de outros minérios na superfície do material, que estava “muito limpo”. Para fazer essa análise, a USP foi acionada, já que possui um equipamento capaz de identificar tipos específicos de isótopos do material.
A pesquisa pode levar cerca de 40 dias. A conclusão vai depender do banco de amostras de ouro já existente e a expectativa é que a análise corrobore com a afirmação da pedra ter sido extraída de garimpo ilegal.
Valdemar e a relação com o garimpo
De acordo com o site De Olho nos Ruralistas, o presidente do PL é sócio de Francisco Jonivaldo Mota Campos na Agropecuária Patauá, uma empresa de comercialização de madeira e de atividade agropastoril. O sócio é também o coordenador do movimento “Garimpo é Legal”, que ganhou forte apoio do governo Bolsonaro enquanto este durou. Jonivaldo atua no Amazonas e é filiado ao PL há 17 anos.
O PL diz que o ouro não configura crime e a defesa de Valdemar questiona: “Como alguém pode ser detido por ser portador de uma pedra guardada há anos como relíquia e que segundo a própria auditoria da PF vale cerca de 10 mil reais?”.
Liberdade provisória
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes concedeu liberdade provisória para o presidente do PL Valdemar Costa Neto no dia 10 de janeiro.
Segundo a decisão, a idade avançada de Costa Neto, que tem 74 anos, além da ausência de violência ou grave ameaça na prática dos crimes em que é acusado, foram os principais motivadores para a liberdade provisória concedida ao cacique do PL.