Alvo de uma série de ameaças de morte desde que foi exposta por Michelle Bolsonaro, a influenciadora de esquerda Karina Santos recebeu um e-mail em que um apoiador de Jair Bolsonaro (PL) diz que "a moçada toda vai te estuprar e te matar".
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À Fórum, Karina afirmou que recebeu a mensagem por e-mail, onde constavam dados pessoais dela, como o número de CPF. O autor ainda afirma que sabe "onde tu mora, onde sua família vive, tudo". "Tudinho no jeito pra te matar, mas não sem antes de estuprar, sua vagabunda", diz o texto.
Na mensagem, o homem se identifica como "Pablo Ricardo Lodi de Lima", mesmo nome pelo qual o hacker que invadiu em dezembro a conta da primeira-dama Rosangela Silva, a Janja.
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A polícia já identificou, no entanto, que o nome é parte de uma técnica da cultura Discord, que atua na zona obscura da Web, para culpar outra pessoa pelos ataques.
"A atrelação consiste em ameaçar, assediar, fazer doxxing, ou cometer outros crimes no ambiente virtual ou físico em nome de um inimigo com o objetivo de fazer com que o alvo da atrelação seja exposto e denunciado às autoridades pelo cometimento desses crimes. É uma tática usada para intimidação e vingança. Usada com muita frequência dentro dos chans e em panelas (servidores) do Discord", diz Letícia Oliveira, que explicou o caso à época do ataque ao perfil de Janja - leia a sequência na rede X.
A Polícia Federal (PF) foi acionada e realizou a prisão de um homem e a apreensão de um adolescente de 17 anos relacionados ao ataque hacker.
À época, Nikolas Ferreira (PL-MG) desdenhou do ataque nas redes sociais e recebeu um comentário do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, foragido nos EUA: "Qual é o PIX do Pablo Ricardo Lodi de Lima?".
A polícia também investiga as ameaças recebidas por Karina Santos, que é natural do Recife, em Pernambuco.
Entenda o caso
Karina Santos é alvo de um ataque orquestrado de bolsonaristas desde que teve a publicação de um meme - que mostra Michelle e Bolsonaro sendo presos - exposta pela ex-primeira-dama nos stories do instagram, no início de janeiro.
A Fórum recebeu prints com as mensagens recebidas por Karina, que foi chamada de "comunista", "vagabunda". Alguns disseram que "vai chegar a vez da vala", que deveria "chegar uma bomba" no Nordeste para que os nordestinos "desapareçam".
"Os ataques foram de cunho xenofóbico, de gênero, ameaças de agressão física, tem ataques até de cunho homofóbico", disse Karina em entrevista ao Fórum Onze e Meia.
Em reação, os bolsonaristas editaram uma declaração da sindicalista e professora Elenira Vilela, na tentativa de vitimizar a ex-primeira-dama.
Na fala, Elenira comenta sobre a necessidade de se impedir o avanço político de Michelle Bolsonaro. No entanto, na edição os bolsonaristas tentam emplacar a tese de que a sindicalista incitou uma ameaça à ex-primeira-dama.
Nesta sexta-feira (12), Elenira Vilela divulgou nota reafirmar que "o debate que faço é em tom de análise crítica de todo o processo" e denunciando a manipulação feita por bolsonaristas e propagada em veículos simpáticos à extrema-direita fascista.
"A frase completa dita por mim e recortada, jamais sugeriu o assassinato de ninguém, a frase completa é 'Ela [Michelle Bolsonaro] é uma carta chave. E se a gente não arrumar um jeito de destruir ela politicamente e, quiçá, de outras formas, jurídica, por exemplo, comprovando os crimes e tornando ela também inelegível, nós vamos arrumar um problema pra cabeça'”, afirma Elenira, que divulgou ainda a íntegra da entrevista.
Em tuite, Karina Santos se solidarizou com Elenira Vilela. "O bolsonarismo é misógino e mentiroso. Escolheu uma mulher aguerrida e empoderada, daquelas que eles odeiam mesmo, e deturparam uma fala para se vitimizar e praticar novamente o “apito de cachorro” contra quem odeiam", escreveu Karina nas redes.