O PL, partido comandado por Valdemar da Costa Neto que deu guarida a Jair Bolsonaro, divulgou uma nota incitando ainda mais os ataques a Elenira Vilela após um bolsonarista editar parte de entrevista em que a coordenadora do Sindicato Nacional dos servidores da Rede Federal de Educação Básica, Técnica e Tecnológica (Sinafese) fala da necessidade de se impedir o avanço político de Michelle Bolsonaro.
LEIA TAMBÉM
Incitado por Michelle, homem diz que vai "estuprar e matar" influencer: "Hail Bolsonaro"
Bolsonaristas incitados por Michelle que ameaçaram influencer de esquerda são alvo da polícia
Michelle Bolsonaro faz dobradinha com Nikolas Ferreira em ataque contra presidente Lula
Te podría interesar
Nesta sexta-feira (12), Elenira Vilela divulgou nota reafirmando que "o debate que faço é em tom de análise crítica de todo o processo" e denunciando a manipulação feita por bolsonaristas e propagada em veículos simpáticos à extrema-direita fascista.
"A frase completa dita por mim e recortada, jamais sugeriu o assassinato de ninguém, a frase completa é 'Ela [Michelle Bolsonaro] é uma carta chave. E se a gente não arrumar um jeito de destruir ela politicamente e, quiçá, de outras formas, jurídica, por exemplo, comprovando os crimes e tornando ela também inelegível, nós vamos arrumar um problema pra cabeça'”, afirma Elenira, que divulga ainda a íntegra da entrevista - leia a nota e veja o vídeo ao final da reportagem.
Te podría interesar
A sindicalista e professora do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) ainda denuncia o primeiro perfil que fez a manipulação, identificado como Luiz Cláudio.
"Neste dia 11 de janeiro de 2024, fui informada de que um perfil verificado na rede social X, identificado como Luiz Cláudio @luizcl_souza publicou um recorte manipulado de uma análise que fiz no Programa Outubro do canal do Youtube do veículo OperaMundi, no dia 22 de dezembro de 2023, com a seguinte legenda: 'A militante de esquerda Elenira Vilela sugere o assassinato de Michelle Bolsonaro'”, diz.
Na nota divulgada após o comunicado da sindicalista, o PL embarca na narrativa divulgada nas redes, dizendo que houve "grave ameaça à integridade física, moral e reputacional" da ex-primeira-dama.
O texto, que é assinado pela "assessoria de comunicação do PL Mulher", entidade presidida por Michelle, ainda fala em um novo Adélio Bispo, buscando relacionar o caso da facada em Jair Bolsonaro durante a campanha de 2018.
"A ameaça se torna plausível e exequível, em especial, em um contexto no qual o marido da sra. Michelle, o ex-Presidente Jair Bolsonaro, já foi vítima de uma tentativa de homicídio quando um militante de esquerda, ex-filiado ao Psol, atentou contra a sua vida. Estariam eles mandando recados para despertar um novo “Adélio Bispo”?", indaga a nota.
Apito de cachorro
O PL, no entanto, ignora o "apito de cachorro" de Michelle Bolsonaro incitando os apoiadores contra a influenciadora de esquerda Karina Santos, que virou alvo de dezenas de ameaças de morte após a ex-primeira-dama expor um meme divulgado pela influencer em que aparece presa com o marido, Jair Bolsonaro.
A nota da instância do PL presidida por Michelle inverte a narrativa e diz que é Elenira quem "tocou o apito de cachorro", uma técnica usada justamente pela extrema-direita fascista para incitar apoiadores a atacarem determinado alvo.
"Essa estratégia de divulgação de comandos para militância de esquerda é comum no meio deles e é denominada 'tocar o apito de cachorro'”, diz o texto.
Em tuite, Karina Santos se solidarizou com Elenira Vilela. Os ataques à sindicalistas se deram justamente após a Polícia Federal identificar os autores das ameaças à influenciadora de esquerda, que foram incitados pela ex-primeira-dama.
"O bolsonarismo é misógino e mentiroso. Escolheu uma mulher aguerrida e empoderada, daquelas que eles odeiam mesmo, e deturparam uma fala para se vitimizar e praticar novamente o “apito de cachorro” contra quem odeiam", escreveu Karina nas redes.
Veja a nota divulgada por Elenira, o vídeo com a fala contextualizada e a integra da live.