Em entrevista à revista Crusoé, divulgada nesta sexta-feira (28), Jair Bolsonaro falou do "fascínio" que tem pelas armas e fez uma defesa surreal do garimpo, atividade que incentivou muito durante seu mandato, especialmente em lavras de minérios ilegais nos territórios indígenas.
Indagado sobre o projeto de Lula de fechar clubes de tiro privados, o ex-presidente afirmou que "o tiro é um fascínio" e que fica inseguro quando está desarmado.
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"Não vejo maldade nenhuma em quem quer atirar", disse relatando sua obsessão por armamentos. "Eu não consigo dormir desarmado. Eu me sinto mais seguro e raramente ando desarmado", emendou.
Bolsonaro aproveitou o tema para falar da negativa da renovação do porte de arma pela Polícia Federal (PF) ao filho "02", o vereador Carlos Bolsonaro. Na declaração, o ex-presidente alegou que se sente "perseguido" e atacou o ministro da Justiça, Flávio Dino.
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"Até o meu filho, Carlos, nesta semana teve seu pedido de renovação de porte negado pela Polícia Federal. Se a gente tivesse a percepção de que isso aconteceria, teríamos feito o pedido ano passado. Ele não teria dificuldade. Está na cara que a Polícia Federal foi orientada pelo ministro da Justiça, embora eu não possa garantir. Esse que entra em comunidade onde eu não vou nem em carro blindado, mas ele vai. Não sei qual o poder que ele tem de ser imune a possíveis atos de violência. Talvez o Flávio Dino tenha um poder, um “repelente”. Agora é uma perseguição à minha família, sob todos os aspectos", disse.
Garimpo
Bolsonaro ainda usou uma argumentação surreal para a defesa do garimpo, citando a atuação de bandeirantes, que durante a chegada dos europeus no continente americano foram os responsáveis por dizimar diversas etnias de povos originários em busca de metais preciosos.
"O Tratado de Tordesilhas, de 1494, nós ultrapassamos com os bandeirantes, garimpeiros, atrás de esmeraldas, de ouro. Isso fez com que o Brasil passasse de um terço para três terços do seu tamanho atual. Quem é o garimpeiro? Meu pai garimpou durante pouco tempo. Eu mesmo, nos três anos em que eu servi em Mato Grosso do Sul, guardava uma bateia e um jogo de quatro peneiras na minha Brasília. Em 1985, se não me engano, eu vi na televisão: ouro na cidade de Saúde, na Bahia. No dia seguinte, eu peguei mais cinco voluntários e fomos garimpar. Se tivéssemos achado alguma coisa, eu não estava aqui", contou.
O argumento assustou até mesmo os entrevistadores que indagaram se não seria "uma prática de 500 anos atrás".
"É uma coisa que desperta a sua curiosidade. É o homem em busca de riqueza e aventura. Eu acredito que o garimpo fez o Brasil desse tamanho que está aí", respondeu o ex-presidente.