SUSPEITAS DE CORRUPÇÃO

Empresa suspeita de pagar contas de Michelle Bolsonaro movimentou R$ 32,2 milhões

Segundo a PF, a madeireira Cedro do Líbano fez repasses a auxiliar de Mauro Cid que, em depoimento, disse ter enviado o dinheiro para pessoas indicadas pela assessoria de Michelle, entre elas uma tia da ex-primeira-dama.

Jair, Michelle Bolsonaro e o véio da Havan em ato no 7 de Setembro em Brasília.Créditos: Reprodução/Youtube
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Investigada por suspeita de fazer transferências para pagamentos de contas pessoais de Michelle Bolsonaro e da família dela, a empresa Cedro do Líbano Comércio de Madeiras e Materiais recebeu R$ 16,6 milhões e desembolsou o mesmo valor, totalizando uma movimentação de R$ 32,2 milhões entre janeiro de 2020 e fim de abril deste ano em movimentação incompatível com os recursos, segundo dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) entregues à CPMI dos Atos Golpistas.

“Chama atenção a aparente incompatibilidade entre o porte / estrutura, vis à vis o volume transacionado a crédito no período analisado, o que supostamente pode demonstrar que cliente esteja utilizando a conta para transacionar recursos provenientes de atividades não declarada”, diz o relatório do Coaf sobre a empresa, que também é alvo de investigação no Tribunal de Contas da União.

O Coaf aponta que a Cedro do Líbano fez ao menos duas transferência de R$ 8.330,00 ao sargento do Exército Luís Marcos Dos Reis, que atuava com o tenente-coronel Mauro Cid na Ajudância de Ordens de Jair Bolsonaro (PL) na Presidência da República. Os dois militares estão presos.

Em depoimento à Polícia Federal, Reis afirmou que repassou o dinheiro a pessoas indicadas por assessoras de Michelle, entre elas a tia da ex-primeira-dama, Maria Graces de Moraes Braga, para quem o assessor fez 12 depósitos em espécie.

O militar também fez três depósitos para Rosimary Cardoso Cordeiro, responsável por emitir um cartão de crédito utilizado por Michelle.

Segundo a PF, o Portal da Transparência mostra que, de 2020 a 2022, durante o governo Bolsonaro, a Cedro Líbano recebeu recursos federais por meio de contratos com a Universidade Federal do Espírito Santo, Instituto Federal de Tocantins e Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba).

As investigações mostram ainda que Luis Marcos dos Reis também recebeu dinheiro do pai de uma das sócias da empresa. 

"A soma das transações a crédito para a conta de Luís Marcos dos Reis é R$ 101 mil. As transações com débito da conta do investigado totalizaram R$ 69 mil", diz a PF ao apontar um saldo de R$ 32 mil positivo para o assessor de Bolsonaro nas transações com a Cedro.

"Tais transações se tornam ainda mais incompreensíveis se considerarmos o fato de Luís Marcos Dos Reis ser servidor público, sargento do Exército Brasileiro, lotado até julho de 2022 na Ajudância de Ordens da Presidência da República", diz a PF.