O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou em relatório divulgado nesta quinta-feira (27) uma movimentação atípica e milionária na conta bancária de Jair Bolsonaro. Somente entre janeiro e o início de julho deste ano, o ex-presidente recebeu R$ 17,2 milhões via Pix.
As transações, segundo o Coaf, podem estar ligadas à "vaquinha" feita por Bolsonaro com o suposto objetivo de angariar recursos para pagar multas. Em junho, o ex-presidente divulgou seu CPF, que é o número de seu Pix, para que apoiadores fizessem as transferências. A campanha foi propagada pelo ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, e outros apoiadores.
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Naquele mês, a Justiça de São Paulo havia determinado o bloqueio de R$ 87,4 mil das contas de Bolsonaro pelo não pagamento de multas por infringir regras sanitárias à época da pandemia do coronavírus.
Apesar de ter declarado R$ 2,3 milhões ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas últimas eleições e de receber um salário de cerca de R$ 86,5 mil, entre os recursos que recebe do PL, seu partido, e a aposentadoria do Exército - que ultrapassa os R$ 100 mil quando somado aos valores recebidos pela esposa, Michelle Bolsonaro -, Bolsonaro não se furtou em pedir dinheiro e, até o momento, não divulgou o quanto arrecadou na "vaquinha" e se ao menos parte do valor foi utilizado para pagar as multas.
Pelo contrário. O relatório do Coaf diz, ainda, que parte dos recursos arrecadados via Pix teriam sido convertidos em aplicações financeiras - isto é, investimento. Segundo o órgão, há transferências do PL, três empresas e de outras 18 pessoas, entre advogados, empresários, militares e pecuaristas que fizeram "doações" via Pix que variam entre R$ 5 mil e R$ 20 mil. Uma só empresa, inclusive, teria feito 62 transferências.
O relatório com as movimentações financeiras atípicas na conta de Bolsonaro foi encaminhado pelo Coaf aos parlamentares que compõem a Comissão Parlamentar de Inquérito Mista que apura os atos democráticos do dia 8 de janeiro, a CPMI dos Atos Golpistas.
*Com informações da Folha de S. Paulo e Estadão