Missão Nordeste no Oriente Médio – Dia 1
Parece estar nascendo um novo tipo de parceria no Sul Global
Mais de 60 pessoas, 8 estados do Nordeste, um só passo coletivo: atravessar mares, fusos e imaginários rumo ao Oriente Médio para apresentar projetos que somam mais de R$ 60 bilhões de reais. Foram 15 horas de voo até o calor de quarenta e tantos graus de Doha, que mais parece uma chama acesa no tempo. Chegamos com o corpo cansado, mas com o olhar aberto. O que se inicia aqui não é só uma missão — é travessia, aposta e presença.
O Consórcio Nordeste é um projeto de substituição de fronteiras por costuras — uma articulação insistente de uma experiência-política resistente e corajosa. Gestamos e embalamos, com os estados, 16 projetos para oferecer a possíveis investidores e parceiros do Catar, da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos.
Economia digital, transição energética, bioeconomia e adaptação climática, infraestrutura e logística, agroindústria e segurança alimentar, turismo e segurança hídrica. Cada eixo, uma possibilidade concreta de cooperação.
O calor do Catar nos serviu como experiência dupla: ao apresentar nossos projetos — multivocais, diversos e complementares — nos oferecemos ao olhar do outro e, ao mesmo tempo, nos reconhecemos no nosso próprio reflexo. Cada estado com sua voz — e todos juntos — num mosaico xilográfico alimentado pela utopia sertaneja de um novo tempo.
Parece estar nascendo um novo tipo de parceria no sul global. Uma experiência política e financeira viva, densa e aberta, que junta BNDES, Banco do Brasil, Apex, Banco do Nordeste e Consórcio Nordeste na mesma narrativa. O Nordeste do Brasil é, hoje, é voz e metáfora articulada e corajosa dos povos periféricos do mundo.
O Nordeste está aqui de corpo inteiro: no passo e no tropeço, no cálculo e no improviso. Na ciência de que o jogo é político, a travessia é coletiva, a ciranda é pedagógica — e o vendaval é poeira e transformação.
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum