A Suprema Corte argentina manteve, em decisão anunciada nesta terça-feira (10), a pena de seis anos de prisão para a ex-presidenta Cristina Kirchner, de 72 anos, por fraude administrativa. A condenação também determina a proibição perpétua de exercer cargos públicos.
Os três magistrados rejeitaram os recursos impetrados pela defesa de Kirchner. "As sentenças proferidas por tribunais anteriores basearam-se na farta prova produzida", diz a decisão.
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Por ter mais de 70 anos, a ex-presidenta pode solicitar prisão domiciliar. Na semana passada, ela havia dito que competiria por uma cadeira na Câmara dos Deputados pelo terceiro distrito eleitoral da província de Buenos Aires.
Após a decisão, Cristina Kirchner se dirigiu aos militantes do Partido Justicialista (PJ) que chegaram à sede da legenda. "A verdade é que esta Argentina governada por Milei nunca deixa de nos surpreender, porque, além do teto salarial, acrescentaram o teto do voto popular."
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"Esse triunvirato de fantoches (os juízes da Corte) responde a poderes naturais muito acima deles: o poder econômico concentrado da Argentina", disse a ex-presidenta, conforme o Pagina12.
'Pacto democrático'
Também segundo o jornal argentino, a Confederação Argentina de Trabalhadores em Transportes (CATT) criticou a decisão da Justiça do país. "Nos manifestamos contra a proscrição e a perseguição política da CFK", declarou a confederação.
"Há um uso crescente do Judiciário como instrumento de perseguição e proscrição política, principalmente em períodos que antecedem eleições, por meio de decisões irregulares e operações midiáticas que tentam influenciar a vontade popular", aponta ainda texto divulgado pela Diretoria da Confederação.
O secretário-geral do CATT e também da Federação da Indústria Marítima, Portuária e Naval da República Argentina (FeMPINRA), Juan Carlos Schmid, sustentou que "isso não é novidade; já aconteceu no Brasil com Lula; estão se repetindo medidas de legalidade duvidosa promovidas por atores poderosos que nunca saem da cena política, mesmo que não sejam visíveis".
"Hoje, muitos de nós estamos indignados, não só pela proscrição de Cristina, mas porque hoje o pacto democrático está quebrado, e isso é muito perigoso para o nosso país e para a nossa democracia", disse o ex-secretário de Direitos Humanos Horacio Pietragalla. "O que precisamos entender é que não se trata apenas de defender um líder partidário; hoje a institucionalidade do país está em risco."