CRISE GLOBAL

Trump aprofunda colapso da ordem internacional e planeta fica mais próximo da guerra

Apesar do discurso pacifista e isolacionista...

Trump aprofunda o 'desacoplamento' da China.
Nova ordem.Trump aprofunda o "desacoplamento" da China.Créditos: Casa Branca
Escrito en OPINIÃO el

Donald Trump elegeu-se prometendo pacifismo -- priorizando por fim ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia.

Fala em investir nos Estados Unidos o dinheiro que o Tesouro estadunidense torra ao redor do mundo, inclusive em guerras.

Empurra o pêndulo outra vez em direção ao isolacionismo de Washington, que no passado dificultou a entrada do país, por exemplo, na Segunda Guerra Mundial.

Porém, ao fazê-lo nos dias de hoje, mesmo que por linhas tortas, aumenta o risco de um conflito militar generalizado.

Desde que Richard Nixon reaproximou os Estados Unidos da China, nos anos 70 do século passado, o capitalismo globalizado vive da interação comercial entre Washington e Beijing, considerada mutuamente benéfica até o governo de Barack Obama.

Foi o democrata quem promoveu a "pirueta" da diplomacia dos EUA em direção à Ásia -- ou seja, à contenção da China.

Os formuladores estadunidenses entendiam, então, que um "mercado comum" asiático sob forte influência chinesa poderia acabar com a hegemonia dos EUA.

"Decoupling" passou a ser a palavra-de-ordem nos institutos que formulam a política externa da Casa Branca.

Desacoplamento 

O "desacoplamento" entre as economias dos EUA e da China entrou em nova fase hoje: as tarifas combinadas sobre produtos que os EUA importam da China chegaram a 54%.

O paradoxo é que a China tem hoje mais interesse que os Estados Unidos na manutenção dos ditames "globalistas" da Organização Mundial do Comércio.

Trump aposta em separar a Rússia da China e, num primeiro momento, parece ver com bons olhos que as três potências nucleares ajam à vontade em suas próprias áreas de influência: Moscou ficaria com um naco da Ucrânia, em compensação os EUA teriam as mãos livres para engolir a Groenlândia, por exemplo.

Porém, a lei de consequências inesperadas pode pegar Trump no pulo.

Embora a arquitetura institucional do pós-guerra esteja em xeque, assim como a globalização, o capitalismo como organizado hoje pode sofrer um forte impacto da guerra comercial desatada pela Casa Branca.

Um freio no comércio internacional pode aumentar subitamente a taxa de subutilização das plantas industriais, refletindo nas taxas de lucro. 

Capitalismo em crise aprofundada invariavelmente termina em guerra, apesar do discurso "pacifista" de Trump no momento.

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