Do STF, em BRASÍLIA | Leões por trás e gatinhos pela frente. As defesas sustentadas pelos militares interrogados durante audiência do Supremo Tribunal Federal (STF) na ação penal da trama golpista tiveram algo em comum: todos tentaram atenuar suas falas e comportamentos passados.
A maioria dos depoimentos buscou relativizar declarações e mensagens encontradas em dispositivos eletrônicos, com os réus mencionando que tinham sido mal interpretados ou que teriam cometido “excessos” na hora de elaborar críticas.
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Houve, ainda, momentos em que foram pedidas “desculpas” ao vivo ao ministro do STF e presidente da sessão, Alexandre de Moraes, principalmente por xingamentos feitos durante reuniões.
O ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, general Augusto Heleno, por tentou justificar uma fala sua em uma reunião da cúpula do governo Bolsonaro, realizada em julho de 2022. “Isso tem de ficar bem claro. Acho que as coisas têm de ser feitas antes das eleições. Vai chegar em um ponto em que não vamos poder falar. Vamos ter de agir. Agir contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas. Isso pra mim é muito claro”, disse o militar na ocasião.
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“Agir seria um termo ‘pesado’, o importante era que houvesse ações que garantissem a segurança do resultado das eleições”, afirmou Augusto Heleno.
Já o ex-presidente Jair Bolsonaro pediu desculpas pelos xingamentos proferidos durante a reunião ministerial.
“Foram 29 palavrões, quase 30”, revelou o ex-presidente. “Falei que não iriam gravar mais nada, alguém gravou o que chamam de reunião do golpe e sempre carreguei no linguajar, tento me controlar, tenho melhorado bastante, acredite se quiser, o meu vocabulário. Mas os 70 anos me fizeram mudar muita coisa, então peço desculpas se ofendi alguém, não vou dizer que não aconteceu, mas alguém gravou, denunciou e foi descoberto”, admitiu Bolsonaro.
O ex-ministro da Defesa durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira, foi outro que se desculpou sobre o que falou na reunião ministerial.
“Não fui legal nas palavras, mas o que eu queria era justamente desvincular o relatório da fraude”, afirmou Nogueira, durante a audiência. “Se fosse hoje, não teria feito essa nota, ou teria feito um esclarecimento mais ameno”, admitiu.