O chilique de Arthur Lira (PP-AL) com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre de Padilha, nesta quinta-feira (11), após a Câmara manter a prisão de Chiquinho Brazão (ex-União-RJ) na cadeia tem muito mais a ver com "desafeto" do que "incompetente".
A competência do ministro, que obteve aval de Lula, em articular a votação e conseguir 277 votos - 20 a mais que o necessário - para manter o acusado de ser o mandante do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes na cadeia irritou profundamente o presidente da Câmara.
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A tentativa de libertar o deputado, ligado às milícias do Rio de Janeiro, foi muito além da vingança a Alexandre de Moraes e ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela propagada "ditadura" da corte e a interferência nos assuntos internos do Congresso.
Lira é lobo em pele de cordeiro. E trata há mais de um mês com Jair Bolsonaro (PL) sobre a sua sucessão no comando da Casa Legislativa.
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Os dois, juntamente com o governador paulistano Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), iniciaram as tratativas sobre o tema há cerca de um mês, no jantar na casa do deputado federal Luciano Zucco (PL-RS).
De lá saíram dois nomes em potencial: Marcos Pereira, presidente do partido de Tarcísio, e Elmar Nascimento, líder do União - de Chiquinho Brazão - na Câmara.
Lira e Bolsonaro têm preferência por Nascimento, que nutre mágoa de Lula por ter sido barrado para ocupar um ministério destinado ao União no início do governo.
Em meio à operação para soltar Brazão, Bolsonaro e Lira retomaram a negociata sobre a sucessão na Câmara. Ofereceram o apoio de PL e PP - além do Partido Novo, que vem a reboque - a quem obrigasse a bancada a votar para tirar o acusado de ser o mandante do assassinato de Marielle da cadeia.
Com medo da repercussão pública, Marcos Pereira lavou as mãos, liberou a bancada do Republicanos e sequer compareceu à sessão.
Já Nascimento topou a empreitada e orientou o União a votar pela soltura de Brazão.
O empenho do deputado baiano contou com uma ajuda imprescindível. Do gabinete da filha, Dani (MDB-RJ), Eduardo Cunha disparou achaques para buscar mais adesões do Centrão ao plano.
Bolsonaro e Lira, no entanto, foram derrotados pela articulação feita por Padilha, que conseguiu os votos necessários para manter Brazão na cadeia.
Nascimento, no entanto, saiu ganhando e, pela lealdade, será o candidato de Bolsonaro e Lira à Presidência da Câmara, de onde vai colocar em prática o plano de vingança contra Lula.
Padilha contou com o auxílio imprescindível o líder do PSD, Antônio Brito (BA), que busca ser o candidato governista para enfrentar Nascimento na nova batalha que será travada no legislativo.
A irritação de Lira mostra que ele tirou a pele de cordeiro e se colocou, definitivamente, como membro da matilha de Jair Bolsonaro como desafeto do governo Lula.