Acaba de estrear no Disney+ o documentário “Beatles ’64”. Produzido por Martin Scorsese e dirigido por David Tedeschi o longa trata da primeira viagem dos Beatles aos Estados Unidos, a participação deles no The Ed Sullivan Show, com audiência de mais de 70 milhões de espectadores. Um recorde estrondoso para a época.
O filme traz imagens inéditas dos Beatles na intimidade, com cenas raras filmadas pelos documentaristas Albert e David Maysles. Apesar disso, o longa deixa a sensação de que já espremeram a laranja da banda até o bagaço e não há mais uma gota de suco.
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Óbvio que são os Beatles, que é sempre bom rever e ouvir o grupo, ouvir pela milionésima vez as histórias etc. Mas pra quem é minimamente letrado na banda não vai encontrar basicamente nada de novo. Além disso, e talvez até mesmo por conta disso, o filme é enfadonho, chega a ser chato, repetitivo.
Logo de cara, Paul McCartney lembra que eles desembarcaram por lá no dia 7 de fevereiro de 1964, poucos meses depois do assassinato do presidente John Fitzgerald Kennedy, que ocorreu em 22 de novembro de 1963. Paul, então, afirma sem a falsa modéstia que nunca o caracterizou:
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“Talvez a América precisasse de algo como os Beatles para sair da tristeza.”
Difícil acusar alguém como McCartney de megalomania, mas talvez haja mesmo um certo exagero da parte dele. A despeito disto, tudo o que cercou a visita deles aos EUA foi mesmo cheio de surpresas e números. Os Beatles abriram as portas do mercado americano, a meca do entretenimento mundial, para o que se chamou logo a seguir de invasão do British Pop, a invasão Britânica.
O filme resgata pessoas que eram jovens e estavam por lá naquele momento. Senhoras e senhores respeitosos tentam explicar, no auge da maturidade, as razões de terem se esgoelado, descabelado e perdido totalmente a cabeça com a banda. Um deles chega a mostrar um pedaço da cadeira que sentou no famoso concerto no Shea Stadium. Ele conseguiu resgatar a memorabília com alguém que trabalhava na demolição do estádio e mostra o objeto numerado, devidamente comparado com o ingresso que guardou por 60 anos.
As cenas das apresentações no Ed Sullivan, que já foram lançadas na íntegra, trazem apresentações memoráveis e mostram, de fato, como eles eram bons a afiados. Outra curiosidade são as entrevistas feitas na época com jovens negros do Harlem. Os homens, em sua maioria, esnobam os Beatles e afirmam preferir John Coltrane e Miles Davis, enquanto as moças se mostram fãs.
Ao fim e ao cabo, “Beatles ’64”, de Scorsese, um grande fã de música pop que já fez vários filmes musicais, com destaque para “The Last Waltz”, é mais do mesmo. A diferença, no entanto, é que o mesmo, neste caso, são os Beatles, a maior banda de rock do planeta.
Só por isso, ou seja, por tudo isso, vale à pena.