Partido da Causa Operária (PCO)

As inusitadas candidaturas do PCO, por Francisco Fernandes Ladeira

Candidaturas indeferidas, candidato que desaparece, outro proibido de fazer campanha pela mãe bolsonarista, propostas esdrúxulas; veja tudo aqui

Escrito em Opinião el
Doutor em Geografia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Professor da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). Especialista em Jornalismo pela Faculdade Iguaçu (FI). Autor de quinze livros, entre eles "A ideologia dos noticiários internacionais" (Editora CRV).
As inusitadas candidaturas do PCO, por Francisco Fernandes Ladeira
João Pimenta foi candidato à prefeitura de São Paulo pelo PCO. Divulgação Diário Causa Operária

Nas atuais eleições municipais, o Partido da Causa Operária (PCO) não elegeu ninguém, tampouco influenciou o debate público, porém nos ofereceu exemplos curiosos (e até engraçados) de candidaturas a prefeitos e vereadores.

Durante a campanha, os militantes do partido, com a habitual megalomania, bradavam que o PCO, entre a extrema esquerda, era a organização que mais apresentou candidatos, que mais cresceu em número de filiados, com os maiores índices de intenção de votos, com a melhor comunicação etc.

No mundo real, com o fracasso nas urnas – como era esperado, diga -se de passagem – , vieram as mais variadas desculpas. O PCO é perseguido pelo judiciário burguês, pela grande mídia, pela imprensa alternativa, pelo imperialismo e pela própria esquerda. Haja mania de perseguição.

O caso mais emblemático de postulante a vereador ou prefeito no PCO é o que tem a candidatura indeferida, como ocorreu em Campinas, Recife e Aracaju, entre outros municípios.

Não se trata de defender aqui o processo burocrático para o registro de um candidato. No entanto, espera-se que todo partido que participe das eleições conheça as regras do jogo. É o básico. Mas não o caso do PCO (pelo menos é o que parece).

Assim, nos últimos meses, não foi raro lermos notícias sobre candidaturas indeferidas do partido. Evidentemente, isso foi usado como argumento para a tese de partido perseguido.

Em Campo Grande, a chapa do PCO foi indeferida porque o candidato a vice-prefeito da legenda, Thiago Assad, tinha irregularidades na prestação de contas. Sobre o fato, o cabeça da chapa, Jorge Batista, deu uma curiosa declaração ao portal Campo Grande News: “Nem queria esse vice, o partido que escolheu, está um rolo danado”.

Também há as candidaturas que sumiram durante a campanha.

Segundo informações do site 7 segundos, a candidata à prefeitura de Maceió, Nina Tenório, se manteve ausente das atividades de campanha. Até o dia 23 de setembro, não realizou nenhum comício, caminhada ou carreata, e seu perfil de Instagram permaneceu fechado para novos usuários. O motivo: foi proibida de fazer campanha por ordem da mãe e da avó (a primeira, inclusive, identificada com o conservadorismo bolsonarista).

Do mesmo modo, conforme informou o site O Fator, a candidata a vice-prefeita em Belo Horizonte, Marília Garcia, não foi à capital mineira até meados de setembro. Optou por ficar em São Paulo, onde nasceu e mora, para “ajudar a arrecadar recursos”.

Além das candidatas que sumiram durante a campanha, também há o candidato que sumiu no dia da eleição. Silvano Alves, candidato a prefeito de Salvador, ficou em São Paulo no último 6 de outubro e não recebeu o próprio voto. “Achei mais fácil justificar”, alegou o candidato que disse não estar na capital baiana há um bom tempo.

Com tantas candidaturas inusitadas, não poderiam faltar propostas esdrúxulas. Em sabatina promovida pela Rede TV!, o candidato a prefeito de São Paulo, o nepo baby João Pimenta, afirmou que, se eleito, faria possível e o impossível para dar ao jornalista Glenn Greenwald (atual ídolo dos bolsonaristas) o título de cidadão honorário da cidade de São Paulo pelo serviço que ele está fazendo pelas liberdades democráticas.

Para o próximo pleito, o PCO anunciou que terá candidato à presidência da República. Será que vai debater com Pablo Marçal? Dificilmente o partido elegerá alguém. Mas, como dito no início deste artigo, certamente vai protagonizar situações hilárias. Eventuais críticas serão perseguições do judiciário burguês, da grande mídia, da imprensa alternativa, do imperialismo e da própria esquerda. Enfim, o mundo persegue o PCO.

 

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