Irmão do general da reserva Guilherme Theophilo, ex-secretário de Segurança Pública de Jair Bolsonaro (PL) e candidato derrotado ao governo do Ceará, o comandante de Operações Terrestres do Exército (Coter), Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, general de 4 estrelas, tenta dar um golpe na própria instituição para colocar sob seu comando as organizações militares de elite da força.
Estevam e Guilherme vêm de uma longa dinastia militar. Eles são filhos do general de brigada Manoel Theophilo Gaspar de Oliveira Neto, morto em 2008, que atuou na cúpula das Forças Armadas durante a ditadura militar.
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Guilherme deixou a farda para entrar para a política como candidato tucano ao governo do Ceará em 2018. Derrotado, foi alçado pelo então ministro da Justiça, Sergio Moro (União-PR), à Secretaria de Segurança Pública no governo Bolsonaro –, sendo exonerado pelo substituto do hoje senador, André Mendonça, que assumiu à época o comando da pasta e atualmente é ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Enquanto isso, o irmão Estevam Theophilo fez carreira militar e chegou ao Comando de Operações Terrestres em novembro de 2019, quando Guilherme estava no governo.
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Segundo reportagem da Jovem Pan e da mídia especializada, Estevam teria sugerido a criação de um comando multidomínio para colocar as forças de elite do Exército sob a alçada de apenas um general – que seria ele próprio.
Ficariam sob o guarda-chuva do Coter integrantes dos comandos de operações especiais, artilharia, defesa cibernética, comunicação e guerra eletrônica, entre outras tropas especializadas.
A ideia teria sido bem recebida pelo atual comandante do Exército, general Tomás Ribeiro Paiva, mas gerou um clima de desconfiança no Alto Comando por concentrar um poder excessivo nas mãos de uma única pessoa.
Ponte
O nome de Estevam Theophilo chegou a ser ventilado para o Comando do Exército em novembro de 2022, quando os militares avaliavam quem assumiria o posto no governo Lula – o escolhido foi o general Júlio Cesar de Arruda, que caiu após os atos golpistas no dia 8 de janeiro. Dos quatro indicados, no entanto, Theophilo era o último a ganhar as quatro estrelas, entregues a ele quando assumiu o Coter.
Assim como Bolsonaro, Estevam Theophilo foi aluno da Academia Militar das Agulhas Negras, a Aman, tida como o berço do chamado Partido Militar – agremiação na caserna que não tem registro na Justiça Eleitoral, mas controla boa parte de militares políticos da extrema direita.
Diferentemente do irmão, que entrou nas fileiras da política partidária, Estevam fez política dentro do Exército, chegando a inaugurar, quase três meses antes de Bolsonaro, a ponte de 18 metros de comprimento por 6 metros de largura em São Gabriel da Cachoeira (AM).
A inauguração da pequena ponte por Bolsonaro gerou polêmica pelo fato de o presidente ter gastado mais para levar a comitiva até o local do que o valor pago pela União no empreendimento.
Outra polêmica no governo foi do irmão de Estevam. Antes de ser nomeado por Moro, ainda durante a campanha ao governo do Ceará, Guilherme Theophilo afirmou em entrevista que "não houve ditadura militar no Brasil".
“Primeiro, não é golpe, chama-se contragolpe democrático de 64. Estava à beira de ter um golpe através do senhor João Goulart, que levaria o nosso país ao socialismo. Esse era o golpe que ia ser dado. Estava tudo caminhando para isso, o Che Guevara tinha recebido uma medalha de honra que poucos recebem, a Ordem do Rio Branco… Então um herói cearense, chamado Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, liderou um contragolpe democrático que levou o país a corrigir toda essa estrutura comunista que estava sendo implantada”, afirmou em agosto de 2018.
Na ocasião, Theophilo ainda atacou a Comissão da Verdade, que apurava os crimes de militares na ditadura, e defendeu o "regime de exceção" no Brasil.
“O Brasil precisava de um regime de exceção. Não é ditadura. Não houve ditadura no Brasil. Um regime de exceção é um regime forte”, vociferou.