Considerado o pior ministro que já passou pela pasta do Meio Ambiente do Brasil, o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) decidiu fazer uma defesa explícita da Ditadura Militar (1964 - 1985) em plena sessão da Câmara dos Deputados.
Durante oitiva da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que visa investigar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nesta terça-feira (1), Salles tentou constranger o depoente, o general Gonçalves Dias, ao perguntar qual a opinião do militar sobre os anos de chumbo e fazer um elogio abjeto a um dos períodos mais sombrios da História brasileira, marcado por prisões, execuções, tortura e perseguição.
“A força, o Exército Brasileiro, sempre se orgulhou da importante medida de 31 de março de 1964. Se não fosse março de 64, chegaríamos mais rapidamente onde alguns querem chegar neste momento”, disparou o deputado bolsonarista.
A declaração absurda de Salles gerou revolta entre parlamentares da base governista. A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP), por exemplo, foi uma das que pediu a palavra para rebater o ex-ministro de Jair Bolsonaro.
Em sua intervenção, Sâmia chamou Salles de "golpista" e "covarde", relembrando o deputado que a ditadura militar dissolveu os poderes do Congresso Nacional do qual o próprio Salles, atualmente, faz parte.
"Tem uma pessoa que está sentada aí que defende o regime que fechou o Congresso Nacional. Se a gente tivesse na ditadura que o senhor tanto elogia, Ricardo Salles, não poderia haver um debate democrático como esse no parlamento. O senhor é um golpista, o senhor não deveria utilizar o seu tempo de fala para elogiar os horrores da ditadura militar", declarou Sâmia.
"O senhor é tão covarde que na sua justificativa o senhor disse que era para tratar de supostos relatórios da Abin sobre o MST (...) “É papel do presidente dessa CPI repreender os deputados que atentam contra o estado democrático de direito. O senhor fala grosso com mulheres, mas fala fino com golpistas como o senhor Ricardo Salles, que está aqui reivindicando aquilo que significou horror para mulheres, jovens, para a nossa democracia", prosseguiu a deputada.
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Outras reações
Através das redes sociais, outras deputadas e deputados repercutiram a fala de Ricardo Salles em defesa da ditadura militar, feita em plena sessão da Câmara.
"ESCANDALOSO! Ricardo Salles defendeu, descaradamente, a ditadura civil-militar, agora na CPI do MST. É inaceitável um deputado defender esse período sombrio que deixou muitas vidas pelo caminho. Quem ataca a democracia não tem legitimidade para estar no Parlamento!", escreveu a deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ).
"Prova de que os bolsonaristas só querem tumultuar acontece agora na CPI do MST. Relator Ricardo Salles constrange a testemunha ao vivo, faz pergunta sobre 64 e defende golpe militar que fechou o Congresso. A democracia realmente é uma benção, permite manifestação até de quem é contrário à ela. Mas essa gente tem de ser contida!", disse, por sua vez, a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR).