Indicado pelo presidente Lula para ocupar a vaga deixada no Supremo Tribunal Federal (STF) com a aposentadoria de Rosa Weber, o ministro da Justiça, Flávio Dino, vai receber um documento na próxima semana que servirá como uma carta na manga contra a atuação do Partido Novo e de parlamentares bolsonaristas.
Em conluio com aliados de Jair Bolsonaro (PL), o Partido Novo lançou uma campanha nas redes sociais para angariar assinaturas contra a indicação de Dino ao STF.
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Entre os motivos elencados para dizer "Dino não", a sigla do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, propaga o factóide da "Dama do Tráfico", criado pelo Estadão, dizendo que o ministro "permitiu que representantes do Comando Vermelho fizessem lobby em seu ministério".
"Dino é, acima de tudo, um político de esquerda. Sua atuação no campo do direito é modesta, e certamente não possui “notável saber jurídico”, um dos pré-requisitos para o cargo", diz o abaixo-assinado do Novo, ignorando o fato do atual ministro da Justiça ter sido juiz federal da 1ª Região de 1994 até 2006, além de diretor da Escola de Direito de Brasília do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), sem contar a carreira política como deputado, governador do Maranhão e senador.
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O desespero do Novo e da claque bolsonarista, no entanto, deve aumentar na próxima semana, quando Dino e o Secretário de Assuntos Legislativos do Ministério, Elias Vaz, vão receber uma denúncia de Mateus Muller que pode implodir a sigla e resultar até mesmo na cassação de parlamentares.
Grupo Valquíria
Mateus Muller é líder do Grupo Valquíria, formado por vítimas da empresa Atlas Quantum, um esquema de pirâmide com uso de criptomoedas fundado em maio de 2018 por Rodrigo Marques dos Santos e Fabrício Spiazzi Sanfelice Cutis, em São Paulo. O golpe foi desmantelado em 2019, deixando um prejuízo de cerca de US$ 7 bilhões.
Muller, que vai se encontar com Dino e Vaz, apresentou uma denúncia na Procuradoria-Geral da República (PGR) que comprovaria que a Quantum teria feito doações ilegais ao Partido Novo e a vários partidos, entre eles Jair Bolsonaro (PL).
“O que me chamou a atenção foi a doação de R$ 600 mil para Jair Messias Bolsonaro através de advogados e pessoas ligadas à diretoria da Atlas Quantum. Sugiro a essa Casa que convoque Carolina de Almeida Costa, que confirmou essa informação. Ela era diretora financeira da Atlas. Bem como a ex-mulher do Rodrigo [Marques], que também atuava no alto escalão da empresa [Ester Braga]”. disse Muller em depoimento na CPI das Pirâmides Financeiras em setembro deste ano.
As informações de Muller, no entanto, não constaram no relatório final da CPI, que omitiu trechos de seu depoimento.
Por esse motivo, Muller apresentou uma denúncia na PGR que incluiriam provas das doações ilegais a candidatos do Novo.
Nesta terça-feira (28), o procurador-regional Darlan Airton Dias encaminhou a denúncia para a Assessoria Criminal Extrajudicial da PGR para "conhecimento e providências cabíveis".
O envolvimento do Novo com práticas ilegais de financiamento de campanha, recebendo recursos da pirâmide financeira, pode resultar em graves penalidades à sigla. E será uma carta na manga de Dino na conversa com o único representante da sigla no Senado, o bolsonarista Eduardo Girão (Novo-CE).