Neste dia 21 de abril, celebra-se o feriado dedicado à memória de Joaquim José da Silva Xavier, apelidado de Tiradentes, nascido em 1746 na capitania portuguesa que hoje é o estado de Minas Gerais.
Tiradentes é conhecido por seu envolvimento na histórica Inconfidência Mineira (ou Conjuração Mineira), uma conspiração separatista que tinha como objetivo tornar a Capitania de Minas Gerais autônoma em relação ao domínio da Coroa Portuguesa. O movimento era fortemente influenciado pelas ideias do Iluminismo francês e contrário à tributação abusiva do Império, especialmente à cobrança da chamada “derrama” — um sistema de recolhimento forçado de impostos em ouro.
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Embora outros nomes relevantes também estivessem envolvidos na conspiração — como o tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrade e os poetas Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga, além de Alvarenga Peixoto e do próprio Tiradentes —, o plano foi descoberto após uma delação feita por portugueses interessados em obter o perdão de suas dívidas com a Coroa, e apenas um de seus conspiradores foi condenado à execução em praça pública: Tiradentes, que viria a se tornar mártir na história do Brasil e dar nome ao feriado de 21 de abril.
Após a delação, os inconfidentes foram presos e aguardaram julgamento durante três anos, como registram fontes oficiais.
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Tiradentes, cuja casa foi cercada por soldados portugueses, até tentou se esconder atrás das cortinas de sua cama portando um bacamarte — arma de fogo de cano curto e calibre grosso. No entanto, foi capturado e, junto aos demais conspiradores, julgado e condenado.
A diferença é que, à exceção de Tiradentes, todos os outros receberam apenas penas de degredo — ou seja, foram exilados. Já ele foi condenado à pena capital por enforcamento.
O bode expiatório da Coroa
Segundo historiadores, o motivo para essa diferença tão marcante entre as sentenças está na posição social de Tiradentes. Ele era o único entre os réus a não pertencer à elite econômica ou intelectual da colônia — era um militar de baixa patente e filho de um pequeno agricultor.
A falta de um sobrenome influente para protegê-lo fez dele o alvo ideal para que a Coroa enviasse um “recado” à população sem comprar briga com as elites locais.
Por isso, em 21 de abril de 1792, Tiradentes percorreu a pé as ruas do Rio de Janeiro — onde foi julgado —, da cadeia pública até o local de sua execução.
Outro motivo para o "espetáculo" público de sua morte foi a necessidade de transformar a punição em um exemplo. A Coroa Portuguesa queria demonstrar que não toleraria ideias separatistas nem resistência ao pagamento de impostos.
Documentos históricos narram que a leitura de sua sentença durou quase 18 horas, e foi seguida por discursos de “aclamação à rainha de Portugal” e por um cortejo que foi tratado com escárnio pelas tropas portuguesas.
Em seguida, Tiradentes foi executado por enforcamento e esquartejado em praça pública. Sua cabeça foi pendurada em um poste em Vila Rica (atual Ouro Preto), e sua casa foi “arrasada e salgada”, conforme ordenava o decreto real que o condenou.
Enquanto outros inconfidentes eram nobres, párocos, desembargadores e grandes proprietários, Tiradentes era um militar de baixa patente, sem poder político ou econômico. Acabou assumindo sozinho a responsabilidade pela conspiração e foi transformado em símbolo de traição à Coroa.
Mas seu legado permaneceu entre os brasileiros como símbolo de outra coisa: um mártir pela liberdade, precursor de outras revoltas emancipatórias. Tiradentes foi consagrado herói nacional, como expressa o feriado que leva seu nome, e se tornou o principal nome da Inconfidência Mineira.