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Tiradentes, um símbolo da luta pela liberdade – Por Odair Cunha

O Brasil conquistou a democracia depois de duas décadas de ditadura. É inaceitável que no século 21 saudosos dos Anos de Chumbo conspirem para levar o país de novo às trevas

Deputado federal Odair Cunha.Créditos: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
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Mais de dois séculos depois de sua execução, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, continua reverenciado como símbolo de luta pela liberdade. Um dos líderes da Inconfidência Mineira, movimento que lutou pela independência do Brasil em 1789, Tiradentes empunhou bandeiras revolucionárias em defesa da igualdade de direitos e da independência nacional.

O feriado de 21 de abril em homenagem trouxe reflexões acerca de seus ideais, que atravessaram o tempo e lançam luzes sobre desafios contemporâneos, como as ameaças à democracia por forças extremistas e reacionárias no Brasil e em outros países.  Os inconfidentes proclamaram o lema libertas quae sera tamem (liberdade, ainda que tardia), trecho de um poema em latim, estampado na bandeira de Minas Gerais. Tornou-se um guia de sucessivas gerações, e a liberdade continua como valor máximo do povo mineiro.

Nesse contexto, não podemos tergiversar sobre a necessidade de punição, pela Justiça, não só dos terroristas que ocuparam Brasília no dia 8/01/23, mas também dos financiadores e organizadores da barbárie golpista que destruiu a sede dos três Poderes na capital federal.  Os golpistas foram derrotados, mas é preciso manter vigilância constante, diante do ressurgimento da extrema direita e de grupos neofascistas no País, uma ameaça permanente à democracia.

O Brasil conquistou a democracia, a partir de 1985, depois de duas décadas de ditadura militar. É inaceitável que em pleno século 21 saudosos dos anos de chumbo conspirem para levar o país de novo às trevas.  Do mesmo modo, é inadmissível haver disseminação de mentiras e fake news sobre nosso sistema eleitoral, o qual, inclusive, garantiu a eleição, ao longo de anos, de muitos que o atacam, como o ex-presidente da República.

No putsch de 2023, as instituições reagiram rapidamente e, unificadas, prenderam, indiciaram e deram início às punições aos atores golpistas. A história dos regimes democráticos no mundo é indissociável dos avanços nos campos dos direitos e da justiça social.  É com liberdade que avançamos.

Assim, no cenário atual, torna-se extremamente necessário recordar os ideais de Tiradentes, reabilitado e colocado no panteão de heróis nacionais com a Proclamação da República, em 1889.  Naquela data, instituiu-se o hino que tem o refrão “liberdade, liberdade!, abre as asas sobre nós!”.

Tiradentes foi o primeiro brasileiro a receber o título de herói da pátria. Tornou-se patrono cívico da nação e até hoje continua sendo uma referência para todos aqueles que lutam pela liberdade e pela justiça. Não foi golpe o que os inconfidentes preconizaram, como disse um político mineiro no ano passado. Pelo contrário, foi um movimento libertário cujos ensinamentos e sonhos perduram até hoje.

Tancredo Neves, em 1985, chamou Tiradentes de “aquele herói enlouquecido de esperança”, e lembrou que o inconfidente dissera que “se todos quisermos, poderemos fazer deste país uma grande nação”.  É este o rumo que estamos seguindo, com o terceiro mandato de Lula, respeitando a democracia, a liberdade, os direitos sociais e trabalhistas, para construir um país desenvolvido, soberano, justo, solidário e ambientalmente sustentável.  A luta de Tiradentes não foi em vão.

*Odair Cunha é deputado federal por Minas Gerais e líder do PT na Câmara dos Deputados.

**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.