A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou, nesta quinta-feira (13), a concessão da Medalha Tiradentes à advogada e defensora dos direitos humanos Eunice Paiva. A homenagem é a maior honraria concedida pelo Parlamento fluminense. A proposta foi da deputada Dani Monteiro (PSOL).
Retratada no filme "Ainda Estou Aqui", que ganhou o primeiro Oscar do Brasil na categoria Melhor Filme Internacional no dia 2 de março, Eunice Paiva foi uma referência na defesa da justiça e dos direitos humanos durante e após a ditadura militar. Sua luta começou depois do assassinato de seu marido, o deputado Rubens Paiva, torturado e assassinado pelos militares em 1972.
Te podría interesar
Viúva e mãe de cinco filhos, Eunice começou uma luta incansável em busca de justiça pela morte do marido e, posteriormente, se formou como advogada para atuar na defesa dos direitos humanos, das causas sociais e nos direitos dos povos indígenas.
Em seu discurso, a deputada Dani Monteiro, que também é presidente da Comissão de Direitos Humanos, destacou que a homenagem é o mínimo que a Alerj poderia fazer em reconhecimento à luta de Eunice. “Ela foi uma mulher, lutadora, mãe, esposa e, infelizmente, viúva. A ditadura deixou marcas em diversas famílias, como a de Eunice. Do luto nasce a luta. Uma mulher que usou todos os anos restantes da sua vida para lutar por memória e justiça. Eunice foi uma grande defensora dos povos originários de nosso país".
Te podría interesar
"A homenagem não é apenas pelo luto de uma família, mas pela luta do povo brasileiro e pela dignidade”, acrescentou.
A deputada ainda citou os deputados Carlos Minc (PSB) e Luiz Paulo (PSD), que atuaram como líderes contra a ditadura militar, em sua homenagem. “Nossos decanos representam em nossa Casa, vivos e empossados, a luta pela democracia”, concluiu a deputada.
Emocionado, Minc destacou que a luta contra a ditadura precisa ser sempre lembrada. “Eu conheci alguns personagens do filme ‘Ainda Estou Aqui’. Tive a infelicidade de conhecer os cárceres da ditadura. Pessoas que negam isso precisam ter conhecimento do que aconteceu. Trago no corpo as marcas da tortura, não tenho ressentimento e nem guardo ódio, mas é preciso sempre lembrar”, frisou o parlamentar.
Luiz Paulo também relembrou as dores do período brutal da ditadura. “Em 1966, eu era estudante de engenharia. Muitos que se indignaram contra a ditadura sumiram e os corpos jamais apareceram, foram brutalmente assassinados. A senhora Eunice Paiva é uma heroína, que junto à sua família resistiu aos tenebrosos tempos da ditadura. Esse tema é absolutamente relevante para mostrar à sociedade brasileira o valor da democracia. Ditadura nunca mais".
Siga o perfil da Revista Fórum e da jornalista Júlia Motta no Bluesky.