MEMÓRIA E JUSTIÇA

Deputado propõe mudar nome de rodovia Castello Branco para Eunice Paiva

Rodovia leva nome do primeiro presidente da ditadura militar e articulador do golpe que levou ao assassinato de Rubens Paiva

Eunice Paiva com certidão de óbito do marido após 25 anos.Créditos: Agência Gov/ MDHC
Escrito en POLÍTICA el

A grande repercussão do filme "Ainda Estou Aqui", que ganhou o primeiro Oscar para o Brasil neste domingo (2), trouxe à tona diversas questões sobre a história do país durante a ditadura militar (1964-1985). Além da falta de punição a militares torturadores do período, homenagem a essas mesmas pessoas também passarem a ser questionadas. 

É comum pelo país ver ruas, avenidas e outros locais nomeados com nomes de presidentes ou autoridades que implementaram ou apoiaram a ditadura. Com base nisso, o deputado estadual Guilherme Cortez (PSOL-SP) propõe o PL 161/2025, que visa trocar o nome da Rodovia Castello Branco por Eunice Paiva. 

Localizada em São Paulo, a rodovia leva o nome do primeiro presidente da ditadura militar, Humberto de Alencar Castelo Branco, responsável por arquitetar o golpe que implantou um período sombrio de repressões, torturas e assassinatos. A proposta do deputado é mudar o nome da rodovia para Eunice Paiva, que teve sua luta por memória e justiça pelo assassinato do marido, o deputado Rubens Paiva, retratada em "Ainda Estou Aqui".

Após o sequestro, tortura e morte de Rubens Paiva, Eunice começou uma luta incansável por respostas e justiça pela morte do marido, em 1971. Ao lado de seus cinco filhos, o longa de Walter Salles relata a trajetória da viúva contra a ditadura militar. Eunice se tornou referência na luta pelos direitos humanos e pela justiça no Brasil.

"A trajetória de Eunice Paiva é notória, destacando-se como símbolo de resistência e busca por justiça, opondo-se à repressão imposta pelo regime militar. Sua dedicação à causa dos direitos humanos representa a necessidade de homenagear figuras que contribuíram para a democracia e para os direitos humanos, reconfigurando a memória coletiva em detrimento de homenagens a agentes do regime autoritário", argumento o deputado Guilherme Cortez no projeto apresentado à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).

O parlamentar ainda acrescenta que as homenagens em rodovias, parques, escolas, viadutos e prédios públicos estaduais a personalidades históricas que se destacaram pela perseguição a minorias e pela violência "ferem os princípios de liberdade democrática do país, estabelecidos na Constituição Federal de 1988".

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