Donald Trump foi condenado por falsificação de registros para encobrir um escândalo sexual que ameaçava sua ascensão à Casa Branca em 2016, parte de um esquema que os promotores descreveram como uma fraude contra o povo estadunidense. Ele é o primeiro presidente dos EUA a ser declarado criminoso, uma mancha que carregará enquanto busca recuperar a presidência.
Trump foi condenado em todas as 34 acusações de falsificação de registros comerciais por um júri de 12 nova-iorquinos, que deliberaram por dois dias para chegar a uma decisão em um caso repleto de descrições de acordos secretos, escândalos de tabloides e um pacto no Salão Oval com ecos de Watergate. O ex-presidente permaneceu em grande parte inexpressivo, com um olhar sombrio no rosto, após o júri emitir seu veredicto.
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O júri concluiu que Trump falsificou registros para ocultar a finalidade do dinheiro dado ao seu antigo advogado, Michael Cohen. Os registros falsos disfarçavam os pagamentos como despesas legais comuns, quando, na verdade, Trump estava reembolsando Cohen por um acordo de silêncio de 130 mil dólares feito com a estrela de filmes adultos Stormy Daniels para silenciar seu relato de um encontro sexual com o republicano.
Sentença ainda vai ser anunciada
A sentença foi marcada para 11 de julho. A condenação por crime pode resultar em uma sentença de até quatro anos de prisão, mas Trump pode nunca ver o interior de uma cela. Ele pode receber liberdade condicional quando for sentenciado e certamente apelará do veredicto, o que pode prolongar o caso por anos. Ainda assim, a decisão do júri é um momento indelével na história dos EUA, concluindo o único dos quatro casos criminais contra Trump que provavelmente iria a julgamento antes do Dia da Eleição.
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Relembre a reta final do julgamento
Os jurados pediram para ouvir novamente trechos do depoimento de Cohen e de David Pecker, o ex-editor do The National Enquirer, que os promotores dizem fazer parte de uma conspiração para suprimir histórias desfavoráveis a Trump durante a campanha de 2016.
Uma parte do testemunho relacionava-se a outro acordo de silêncio com Karen McDougal, uma ex-modelo da Playboy que afirma ter tido um caso de meses com Trump em 2006 e 2007 (Trump nega isso). McDougal, que não testemunhou, foi paga 150 mil dólares em agosto de 2016 pela empresa controladora do The National Enquirer em troca de sua história, que o Enquirer não publicou.
O júri também pediu ao juiz do caso, Juan M. Merchan, para repetir algumas das instruções que ele deu ao júri na quarta-feira (29), que servem como guia para suas deliberações. Mas os jurados não têm uma cópia de suas instruções, o que a lei não permite.
Um promotor do gabinete do promotor distrital de Manhattan disse em argumentos finais que Trump tentou "enganar o eleitor estadunidense" com uma conspiração para influenciar a eleição de 2016. "Todos os caminhos levam ao homem que mais se beneficiou: Donald Trump", disse o promotor Joshua Steinglass ao júri.
Todd Blanche, advogado de Trump, argumentou em seu fechamento que as ações de Trump não eram crimes, mas meramente práticas comerciais comuns. O caso, disse ele aos jurados, girava em torno do testemunho de Cohen, a quem ele chamou de "o maior mentiroso de todos os tempos".
Os promotores dizem que Trump tentou disfarçar reembolsos a Cohen como honorários legais comuns. Trump se declarou inocente e nega ter dormido com Daniels, apesar de seu testemunho, sob juramento, sobre um encontro sexual com ele em Lake Tahoe, Nevada, em 2006.