CHINA EM FOCO

Maior rede de cafeterias da China vai comprar mais de 2 bilhões em café brasileiro

Anúncio de importação de 120 mil toneladas da bebida do Brasil foi feito em cerimônia com a presença de Geraldo Alckmin, em visita oficial à China

Créditos: Reprodução Instagram Rafael Henrique Zerbetto
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A maior rede de cafeterias da China, a Luckin Coffee, vai importar 120 mil toneladas de café brasileiro neste ano, o valor da transação será de cerca de 500 milhões de dólares (2,525 bilhões de reais).

O anúncio deste negócio foi feito pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, nesta quarta-feira (5), em seu segundo dia da missão oficial à China.

Alckmin assinou memorandos de entendimento (MOU, na sigla em inglês) para a promoção do café brasileiro na rede chinesa. Também foi anunciada a criação de um hub de inovação brasileira em Xangai. As duas iniciativas foram realizadas pela Agência Brasileira de Promoção à Exportação (ApexBrasil).

Pelas redes sociais, o vice-presidente celebrou o entendimento com os empresários chineses.

“Em 2022, o Brasil exportou US$ 80 milhões em café e no ano passado, foram US$ 280 milhões, praticamente quatro vezes mais que no ano anterior. Agora, só neste contrato com a Luckin Coffee, estamos falando de meio milhão de dólares, o que demonstra que o Brasil, maior produtor e exportador de café do mundo, está abrindo mercados”, afirmou o vice-presidente.

Alckmin também lembrou o valor social da bebida mais consumida no mundo depois da água. “O café é uma alternativa para o pequeno produtor, pois não é preciso ter milhares de hectares para produzir café, que é uma boa alternativa de renda para a agricultura familiar e o pequeno produtor de café orgânico. Este é um bom caminho, pois tem importância econômica e também social”.

A ApexBrasil apoiará as atividades promocionais, fornecendo informações, materiais de marca e facilitando programas de intercâmbio de conhecimento sobre o café brasileiro, incluindo visitas de representantes da Luckin Coffee a fazendas de café e institutos de pesquisa no Brasil.

Além disso, ainda em 2024, as duas organizações planejam desenvolver uma atividade promocional especial para aumentar a visibilidade do café brasileiro na China, celebrando os 50 anos de relações diplomáticas entre os dois países.

VPR - Alckmin em uma cafeteria Luckin Coffee, a maior rede da China

A Luckin Coffee, rede de café com mais de 16 mil lojas na China, é a principal importadora de café brasileiro no país. Por meio da parceria, a empresa se compromete a promover e comercializar ativamente o café brasileiro para seus clientes e parceiros.

Brinde com café e foto histórica

Acervo Rádio China Internacional

A jornalista chinesa que fala português e trabalha na Rádio China Internacional, Isabela Shi, acompanhou a agenda da delegação brasileira em Pequim e destacou o cenário da cerimônia onde foi anunciado o entendimento com a rede de cafeterias chinesas.

A foto histórica registra o então ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antônio Francisco Azeredo da Silveira, em um brinde com uma xícara de café brasileiro com o então vice-ministro do Comércio Exterior da China, Chen Jie, durante a inauguração da Embaixada do Brasil na China em Pequim.

Os dois países iniciaram as relações diplomáticas em 15 de agosto de 1974. Silveira serviu como chefe do Itamaraty durante o governo de Ernesto Geisel (1974-1979), quarto presidente da ditadura militar.

Há 50 anos, o café era uma bebida desconhecida pelos chinesas. Neste ano, o Relatório de Desenvolvimento do Café nas Cidades da China 2024, publicado pela Associação de Promoção Cultural de Xangai, Porto Internacional de Café de Hongqiao, Instituto de Pesquisa em Inovação Cultural e Desenvolvimento Juvenil da Universidade Jiaotong de Xangai, Meituan e Ele.me, mostrou o aumento expressivo do consumo do café entre os chineses

O documento foi divulgado em 9 de maio e mostrou que o crescimento anual da indústria do café na China nos últimos três anos foi de 17,14%, a exportação de café verde representou mais de 40% do total nacional, e a exportação de produtos de café de Xangai aumentou mais de 70% em relação a 2019.

Em 2023, o mercado de café da China alcançou aproximadamente 183,126 bilhões de reais, e espera-se que em 2024 chegue a cerca de 216,177 bilhões de reais.

O consumo médio anual de café pelos chineses também tem crescido: de 9 xícaras por pessoa em 2016 passou para 16,74 xícaras em 2023. A principal demanda é por café para se manter acordado no café da manhã e no brunch, o mercado de consumo de café por delivery está se tornando mais jovem, e as mulheres ainda são a maioria.

Atualmente, a China é o sexto maior importador do café brasileiro, representando cerca de 4% das exportações totais.

Hub de inovação em Xangai

Além do acordo com a Luckin Coffee, também firmou-se, nesta quarta, acordo para criação de hub para fomento de comércio e investimentos entre Brasil e China no distrito de Yangpu, em Xangai, sede de empresas de tecnologia como o TikTok. Por meio desta parceria, a ApexBrasil busca a internacionalização de empresas brasileiras no distrito chinês que vem se convertendo em moderno hub de inovação.

O prefeito distrital de Yangpu, Zhou Haiying, afirmou que 5 de junho, data da assinatura do MOU, celebra-se na China o dia da semeadura, um dia especial e muito propício para lançar sementes à terra. “Espero que o evento de hoje seja como plantar uma semente de amizade entre Brasil e China e que o fruto desta parceria seja muito bonito”.

Memorandos de entendimento celebrados entre Brasil e China

  • ApexBrasil e Luckin Coffee, maior rede de cafeterias da China, para promoção do café brasileiro entre os consumidores chineses, por meio de ações nas lojas da rede. Este ano, a Luckin Coffee comprará aproximadamente 120 mil toneladas de café brasileiro, no valor estimado de 500 milhões de dólares.
     
  • Plano de Ação entre as seções brasileira e chinesa do Conselho Empresarial Brasil-China para estabelecer metas de trabalho e esforços conjuntos para promover a cooperação amigável e pragmática entre empresas dos dois países e contribuir para o desenvolvimento estável e sustentável da economia sino-brasileira.
     
  • ApexBrasil e Shanghai Yangpu District People’s Government para criar uma Casa Brasil em Xangai. Um espaço para incubação de empresas brasileiras e promoção do comércio bilateral.
     
  • ApexBrasil e o Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, voltado para a qualificação e promoção internacional de microempresas, empresas de pequeno porte e artesãos brasileiros, inclusive pelo e-commerce, tendo a China como um dos principais mercados destino.
     
  • Confederação Nacional da Indústria, Zhejiang University Science Park Development e ZIBS Latin America Center para promover a expansão das atividades de empresas brasileiras no mercado chinês e suporte à criação.
     
  • ApexBrasil e o Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, voltado para a qualificação e promoção internacional de microempresas, empresas de pequeno porte e artesãos brasileiros, inclusive pelo e-commerce, tendo a China como um dos principais mercados destino.
     
  • Confederação Nacional da Indústria, Zhejiang University Science Park Development e ZIBS Latin America Center para promover a expansão das atividades de empresas brasileiras no mercado chinês e suporte à criação de incubadoras offshore no Brasil; além de estabelecer um “Clube de CEOs” de alta tecnologia.
     
  • Confederação Nacional da Indústria com Zhejiang University International Business School para a formação de executivos em setores estratégicos da indústria e para promoção da inovação.
     
  • Confederação Nacional da Indústria com China Association of Inventions para o estabelecimento da Aliança BRICS+ para Ciência, Tecnologia e Inovação; projetos de cooperação e programa de mobilidade em inovação tecnológica, com possíveis editais para projetos de inovação.
     
  • Confederação Nacional da Indústria com International Alliance of Skills Development para o estabelecimento de Centro de Referência em profissões do futuro e programa de intercâmbio de tecnologia e formação de competências técnicas.
     
  • Sete Partners e a Sinomach para o desenvolvimento de uma plataforma conjunta de originação que financiará a produção nacional com a garantia de compra, ampliando a negociação de commodities agrícolas brasileiras na China.
     
  • Sete Partners e a Shanghai Spacecom Satellite Technology (SSST) para a abertura de filial da empresa no Brasil, promovendo investimentos em infraestrutura de Telecom, como datacenters, conexão terra-espaço.
     
  • Sete Partners e a China Energy Engineering Group (CEE) para abrir uma representação no Brasil, garantindo investimentos no desenvolvimento e na distribuição de sistemas elétricos da China no Brasil, ampliando a produção no Brasil de equipamentos elétricos e investindo na produção de gás natural e de energia eólica e solar.