A Rússia não foi convidada para a Cúpula da Paz na Ucrânia, na Suíça, que acontece neste final de semana. Brasil e China não enviaram delegações de alto nível.
Na véspera do início da conferência, Vladimir Putin apresentou sua própria proposta de paz. Kiev respondeu que não haverá "nenhum compromisso com a independência, soberania ou integridade territorial".
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O presidente russo ofereceu seu próprio plano de cessar-fogo, pedindo que a Ucrânia retirasse tropas de quatro regiões ocupadas pela Rússia, que as nações ocidentais levantem suas sanções econômicas.
A Ucrânia denunciou a sugestão de Putin como uma tentativa de minar as conversas deste fim de semana.
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Os líderes da Itália e Alemanha rejeitaram os termos de cessar-fogo propostos por Putin. A primeira-ministra italiana Giorgia Meloni chamou o plano de Putin de "propaganda", enquanto o chanceler alemão Olaf Scholz o classificou como uma "paz ditatorial".
O primeiro-ministro britânico Rishi Sunak criticou Putin por "criar uma narrativa falsa sobre sua disposição para negociar".
Diplomacia
Mais de 90 países, dos 195 do mundo, confirmaram participação no encontro organizado pela Suíça a pedido de Kiev para debater caminhos para a paz na Ucrânia, no complexo hoteleiro Bürgenstock, perto do Lago Lucerna.
A Rússia não enviará nenhuma mensagem aos participantes da cúpula sobre a Ucrânia na Suíça e espera que, da próxima vez, o conflito seja discutido em um evento mais construtivo, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, à TASS.
"Não queremos transmitir nada a eles. Queremos nos reunir na próxima vez para um evento mais focado e promissor", disse o oficial do Kremlin.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse que realizar este evento é um "caminho para lugar nenhum" e Moscou não vê que o Ocidente queira entrar em negociações justas. Ao mesmo tempo, a Rússia tem reiterado que Moscou nunca se recusou a resolver o conflito com Kiev por meio de negociações de paz.
O processo de paz na Ucrânia precisa da participação da Rússia, disse a presidente suíça, Viola Amherd, na abertura da conferência. "Estamos bem cientes de que um processo de paz sem a Rússia é inconcebível. Uma solução duradoura deve envolver ambas as partes", afirmou. "Queremos discutir como e sob quais condições a Rússia pode ser incluída nesse processo."
Amherd disse que em Burgenstock, eles "estarão dando o primeiro passo crucial. Cabe a nós garantir que seja seguido por um segundo."
A Suíça, que sedia a conferência, convidou mais de 160 delegações, incluindo dos países do G7, G20 e BRICS. No entanto, os organizadores anunciaram antes do evento que nem todas as delegações enviaram representantes, com 91 países, a província sérvia de Kosovo e oito organizações internacionais participando. Cinquenta e cinco países enviaram seus chefes de estado ou governo para participar.
A maioria dos países membros da ONU não enviou suas delegações. Por exemplo, a China não está na lista de participantes, enquanto o Brasil participa como observador. Azerbaijão, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão, Turcomenistão, Uzbequistão, Venezuela, Egito, Irã, China, Cuba, Nicarágua, Paquistão, Síria, Etiópia e muitos outros países não compareceram.
Para o presidente ucraniano, o evento é o ponto alto de uma maratona diplomática. Zelensky destacou que a conferência é uma oportunidade para "dar uma chance à diplomacia" e demonstrar que "esforços conjuntos" podem parar guerras. Ele espera que a cúpula marque a história com o estabelecimento de uma paz justa o mais rápido possível.
Dinheiro para guerra
A cúpula ocorre enquanto os líderes do G7 reunidos na Itália fecham um novo acordo para um empréstimo de 55 bilhões de dólares para a Ucrânia, garantido por meio dos lucros dos ativos do banco central russo congelados pela União Europeia e outras nações ocidentais após a invasão de 2022.
A conferência de paz de dois dias, que ocorrerá no luxuoso resort, discute o plano de 10 pontos proposto por Kiev para acabar com a guerra, juntamente com três outros temas: a ameaça nuclear, a segurança alimentar e as necessidades humanitárias na Ucrânia.
Zelensky, inaugurou a conferência com a participação da vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, que anunciou US$ 500 milhões para reparos de infraestrutura e US$ 379 milhões para refugiados.
“Conseguimos trazer de volta ao mundo a ideia de que esforços conjuntos podem parar a guerra e estabelecer uma paz justa”, disse Zelensky. “Tudo o que foi acordado na cúpula hoje fará parte do processo de pacificação.”
“Estou aqui para apoiar a Ucrânia e líderes de todo o mundo em apoio a uma paz justa e duradoura”, disse Harris no início de sua reunião com Zelensky. “Os Estados Unidos estão comprometidos em ajudar a Ucrânia a reconstruir.”
O plano de paz de 10 pontos de Zelensky envolve a retirada total da Rússia do território ucraniano, pagamento de reparações e enfrentamento da justiça por quaisquer crimes de guerra.
Ausência da Rússia
No entanto, uma questão pairava sobre o evento: qual é o valor das conversas de paz que não envolvem efetivamente as partes em conflito?
Embora a conferência de dois dias tenha se tornado o esforço diplomático mais amplamente aceito até agora para acabar com a guerra, por enquanto, a iniciativa exclui a Rússia.
Nem China nem Brasil apoiaram uma cúpula de paz na Ucrânia sem a Rússia. Nenhum dos dois países vai participar do evento com presença de chefes de Estado. O governo brasileiro enviou a embaixadora do Brasil na Suíça, Cláudia Fonseca Buzzi.
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Proposta Brasil-China
Pequim e Brasília defendem o diálogo e a negociação como única solução viável para a guerra na Ucrânia. Os dois países apoiam uma conferência internacional de paz realizada em momento adequado, que seja reconhecida tanto por Moscou quanto por Kiev, com participação igualitária de todas as partes, bem como discussão justa de todos os planos de paz.
“Você não negocia com seus amigos”, disse Celso Amorim, principal assessor de política externa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em uma entrevista na semana passada. “Você negocia com seus adversários.”
No último dia 10 o presidente Lula conversou com Putin pelo telefone e voltou a defender que Rússia e Ucrânia discutam uma saída para o conflito no leste europeu.
Discurso de Zelensky