CHINA EM FOCO

Brasil e China querem cúpula pela paz na Ucrânia com participação da Rússia

Celso Amorim , assessor do presidente Lula, e Wang Yi, principal diplomata chinês, emitem comunicado conjunto para desescalar o conflito entre russos e ucranianos

Créditos: MFA - Celson Amorim e Wang Yi em Pequim conversam sobre crise da Ucrânia
Escrito en GLOBAL el

China e Brasil defendem o diálogo e a negociação como única solução viável para a crise na Ucrânia. Os dois países apoiam uma conferência internacional de paz realizada em momento adequado, que seja reconhecida tanto por Moscou quanto por Kiev, com participação igualitária de todas as partes, bem como discussão justa de todos os planos de paz.

Esse foi o entendimento entre o chanceler Celso Amorim, assessor especial do presidente Lula para assuntos internacionais, e principal diplomata chinês, o ministro das Relações Exteriores Wang Yi, que também integra o Bureau Político do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh).

Amorim está em Pequim, capital nacional da China, e foi recebido nesta quinta-feira (23) por Wang. Eles defendem que todas as partes envolvidas no conflito ucraniano devem criar condições para a retomada do diálogo direto e impulsionar a desescalada da situação até a realização de um cessar-fogo abrangente.

Conferências sem a Rússia

Estão marcados para o próximo mês dois eventos para abordar a guerra da Ucrânia, ambos sem a participação da Rússia, que sequer foi convidada. A Conferência de Recuperação da Ucrânia (URC2024) está marcada para dias 11 e 12 de junho de 2024, em Berlim, Alemanha. A Cúpula de Paz na Ucrânia será realizada nos dias 15 e 16 de junho no resort Bürgenstock, na Suíça.

A URC2024 tem como objetivo mobilizar o apoio internacional contínuo para a recuperação, reconstrução, reforma e modernização da Ucrânia. Serão discutidos temas como mobilização do setor privado para o crescimento econômico, recuperação social e de capital humano, recuperação de municípios e regiões, e reformas relacionadas à adesão à União Europeia? (URC2024)?.

Já a Cúpula de Paz na Ucrânia reunirá chefes de estado e governo para desenvolver um entendimento comum sobre um caminho para uma paz justa e duradoura na Ucrânia. O evento foi organizado a pedido da Ucrânia e pretende servir como uma plataforma para diálogo e definição de uma estrutura para um futuro processo de paz.

Comunicado conjunto

A principal pauta do encontro entre Amorim e Wang, segundo comunicado emitido pela diplomacia chinesa, foi a guerra na Ucrânia.

"As duas partes tiveram uma troca aprofundada de opiniões sobre a promoção da solução política da crise na Ucrânia e a necessidade de desescalar a situação", informa o texto.

A assistente do chanceler Wang, Hua Chunying, diretora-geral do Departamento de Imprensa, Comunicação e Diplomacia Pública da diplomacia chinesa, destacou o encontro pelas redes sociais.

"O Ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, se reuniu com o Assessor-Chefe do Presidente do Brasil, Celso Amorim. As duas partes tiveram uma troca aprofundada de opiniões sobre a promoção da solução política da crise na Ucrânia e a necessidade de desescalar a situação", escreveu.

Entendimento entre Brasil e China sobre a Ucrânia

  • Pedido para que todas as partes relevantes observem três princípios para desescalar a situação:
    • não expandir o campo de batalha,
    • não escalar os combates e
    • não provocar nenhuma das partes.
       
  • Defesa do diálogo e negociação como única solução viável para a crise na Ucrânia.
    • Todas as partes devem criar condições para a retomada do diálogo direto e impulsionar a desescalada da situação até a realização de um cessar-fogo abrangente.
    • China e Brasil apoiam uma conferência internacional de paz realizada em momento adequado, que seja reconhecida tanto pela Rússia quanto pela Ucrânia, com participação igualitária de todas as partes, bem como discussão justa de todos os planos de paz.
       
  • Necessidade de esforços para aumentar a assistência humanitária às regiões relevantes e prevenir uma crise humanitária em maior escala.
    • Ataques contra civis ou instalações civis devem ser evitados, e os civis, incluindo mulheres e crianças
    • Prisioneiros de guerra (POWs, da sigla em inglês) devem ser protegidos. As duas partes apoiam a troca de POWs entre as partes em conflito.
       
  • Condena o uso de armas de destruição em massa, particularmente armas nucleares, químicas e biológicas.
    • Todos os esforços possíveis devem ser feitos para prevenir a proliferação nuclear e evitar uma crise nuclear.
       
  • Condena ataques a usinas nucleares e outras instalações nucleares pacíficas.
    • Todas as partes devem cumprir o direito internacional, incluindo a Convenção sobre Segurança Nuclear, e prevenir resolutamente acidentes nucleares provocados pelo homem.
       
  • Condena a divisão do mundo em grupos políticos ou econômicos isolados.
    • As duas partes pedem esforços para melhorar a cooperação internacional em energia, moeda, finanças, comércio, segurança alimentar e segurança de infraestrutura crítica, incluindo oleodutos e gasodutos, cabos ópticos submarinos, instalações de eletricidade e energia e redes de fibra óptica, a fim de proteger a estabilidade das cadeias globais de suprimentos e industriais.

Brasil e China acolhem os membros da comunidade internacional para apoiar e endossar os entendimentos comuns e desempenharem conjuntamente um papel construtivo na desescalada da situação e na promoção de negociações de paz.