CHINA EM FOCO

China cerca Taiwan e tensão escala na região

Exército chinês faz exercício militar no Estreito de Taiwan e avisa que é punição às forças separatistas e alerta para interferência externa dos EUA

Créditos: PLA - Exército da China cerca a ilha de Taiwan em exercício militar
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Pequim resolveu mandar um recado claro e contundente às forças separatistas de Taiwan. O cerco à ilha durante um exercício militar é alerta ao novo líder regional, Lai Ching-te: o movimento de "independência" será punido. Além de mensagem para Washington: não haverá tolerância com interferências externas.

Nesta quinta-feira (23), o Exército de Libertação Popular da China (PLA, da sigla em inglês ) lançou um exercício militar às 7h45 (horário de Pequim) que cercam Taiwan tanto pelo leste quanto pelo oeste, sem pontos cegos. A ilha está sendo pressionada de ambos os lados.

O Ministério da Defesa de Taiwan condenou os exercícios chineses como "provocações irrefutivas". Taipei enviou forças navais, aéreas e terrestres para "defender a soberania da [ilha]", disse o órgão.

Um general dos EUA, sob condição de anonimato, disse à AFP que esses exercícios militares são preocupantes. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, comentou durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira (23), em Pequim.

"Preciso enfatizar que Taiwan é uma parte inalienável do território da China. Este é um fato baseado na história e no verdadeiro status quo, e continuará sendo assim no futuro. A “independência de Taiwan” está destinada ao fracasso. O povo chinês não será dissuadido de defender nossa soberania e integridade territorial. Os 1,4 bilhões de chineses repelirão resolutamente qualquer atividade separatista pela “independência de Taiwan”. Qualquer um que busque a “independência de Taiwan” se encontrará esmagado pela tendência histórica da reunificação completa da China", disse.

Wang instou os EUA a pararem de apoiar as forças separatistas de “independência de Taiwan” e a pararem de se intrometer nos assuntos internos da China. Qualquer tentativa de ameaçar a soberania nacional e a integridade territorial da China será respondida de forma resoluta pela China.

A mensagem do governo chinês é uníssona. Todos os porta-vozes, de diferentes órgãos, reforçaram o objetivo do certo à Taiwan: punir as forças separatistas.

Discurso inflamado de Lai

Os exercícios do PLA ocorreram após Lai, o novo líder regional da ilha de Taiwan, fazer um discurso inaugural na última segunda-feira (20) no qual ele aderiu à "independência de Taiwan", propagou abertamente a falácia da secessão, incitou confrontação e antagonismo através do Estreito de Taiwan e expressou sua intenção de "contar com forças externas para buscar 'independência'" e "buscar 'independência' pela força".

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Desde a visita provocativa da então presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, à ilha de Taiwan em agosto de 2022, o PLA organizou várias rodadas de exercícios em larga escala como contramedidas às provocações dos secessionistas de "independência de Taiwan" e suas colaborações com forças externas, além de realizar patrulhas regulares e exercícios de treinamento na região.

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Wang declarou ainda que os exercícios conjuntos salvaguardam a soberania nacional e a integridade territorial.

"Os exercícios conjuntos do Comando do Teatro Oriental do PLA são uma medida necessária e legítima para reprimir as forças separatistas de 'independência de Taiwan' e suas atividades separatistas e enviar um aviso à interferência e provocações externas. Isso está totalmente consistente com o direito internacional e práticas comuns", comentou Wang.

Já o porta-voz do Gabinete de Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado, Chen Binhua, disse em um comunicado que os exercícios do PLA são uma punição resoluta para o discurso provocativo de 20 de maio do líder regional de Taiwan que buscava "independência", um aviso severo às forças externas que apoiam a "independência de Taiwan" e interferem nos assuntos internos da China, e uma medida legítima para salvaguardar a soberania nacional e a integridade territorial.

Operação Joint Sword-2024A

As manobras estão sendo conduzidas no Estreito de Taiwan, ao norte, sul e leste da Ilha principal e em áreas ao redor de Kinmen, Matsu, Wuqiu e Dongyin. O Comando do Teatro do PLA divulgou um mapa que mostra nove zonas de exercício ao redor da ilha de Taiwan.

PLA

O porta-voz do Comando do Teatro Oriental do PLA, capitão sênior Li Xi, disse que os serviços militares, incluindo o exército, marinha, força aérea e força de foguetes vão conduzir os exercícios conjuntos, codinome Joint Sword-2024A, até esta sexta-feira (24).

"Os exercícios focam em patrulhas conjuntas de prontidão para combate marítimo e aéreo, captura conjunta de controle abrangente do campo de batalha e ataques de precisão conjuntos em alvos chave. Os exercícios envolvem a patrulha de navios e aviões aproximando-se de áreas ao redor da ilha de Taiwan e operações integradas dentro e fora da cadeia de ilhas para testar as reais capacidades de combate conjunto das forças do comando", explicou.

Li disse que os exercícios também servem como uma punição severa para os atos separatistas das forças de "independência de Taiwan" e um aviso severo contra a interferência e provocação por forças externas.