TURBINANDO A GUERRA

G7 anuncia plano de empréstimo de 50 bilhões de dólares para a Ucrânia

EUA lideram medida para usar recursos congelados da Rússia para financiar armas para Kiev; presidente Lula é convidado para evento paralelo da Cúpula dos países mais ricos do mundo

Créditos: Divulgação Cúpula G7 Itália - Charles Michel, Olaf Scholz, Justin Trudeau, Emmanoel Macron, Giorgia Meloni, Joe Biden, Fumio Kishida, Rishi Sunak e Ursula von der Leyen
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Os países mais ricos do mundo vão emprestar 50 bilhões de dólares para a Ucrânia. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (13) durante a Cúpula do Grupo dos 7 (G7), que está sendo realizada em Borgo Egnazia, na região de Apúlia, Itália, até o próximo sábado (15).

Os Estados Unidos e outras grandes economias do G7 concordaram com um plano para conceder a Kiev o empréstimo bilionário. O objetivo é ajudar o país a adquirir armamentos e iniciar a reconstrução de sua infraestrutura danificada, em um momento crucial da guerra, em que a Rússia tem ganhado ímpeto no campo de batalha.

Espera-se que o empréstimo seja reembolsado com os juros ganhos sobre 300 bilhões de dólares em ativos russos congelados, que estão, em sua maioria, em bancos europeus. A garantia será feita pelos Estados Unidos, mas autoridades estadunidenses esperam que seus aliados, incluindo membros da União Europeia, forneçam parte dos fundos.

O presidente dos EUA, Joe Biden, também assinou um acordo de segurança de 10 anos com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Biden afirmou que o acordo tornaria a Ucrânia autossuficiente e a colocaria no caminho para se tornar membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

“Nosso objetivo é fortalecer as capacidades confiáveis de defesa e dissuasão da Ucrânia a longo prazo. Uma paz duradoura para a Ucrânia deve ser garantida pela capacidade do próprio país de se defender agora e de dissuadir agressões futuras”, disse Biden.

Biden tenta persuadir os aliados de que os Estados Unidos a continuar apoiando a Ucrânia, mesmo que o ex-presidente Donald Trump, que já falou abertamente sobre retirar os Estados Unidos da OTAN, prevaleça nas eleições de novembro. Contudo, se for reeleito, Trump poderá abandonar qualquer acordo de segurança com a Ucrânia, ressaltando os desafios políticos que Biden e outros líderes do G7 enfrentam.

Outros destaques da cúpula

Na véspera da cúpula, a administração Biden anunciou novas sanções financeiras com o objetivo de interromper as crescentes conexões tecnológicas entre China e Rússia, que as autoridades dos EUA acreditam serem destinadas a fortalecer as forças armadas russas na guerra contra a Ucrânia.

Biden não é o único líder do G7 que chega à Itália politicamente pressionado. Pesquisas indicam que o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, pode ser destituído nas eleições em menos de três semanas. Além disso, o presidente Emmanuel Macron, da França, e o chanceler Olaf Scholz, da Alemanha, viram seus partidos serem humilhados por rivais de extrema direita nas recentes eleições europeias.

Cúpula do G7

A Cúpula do G7 reúne os líderes dos sete países membros: Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Reino Unido além das lideranças do Conselho Europeu e da Comissão Europeia representando a União Europeia.

Um dos momentos tradicionais do encontro é a foto da "família G7", que ilustra essa matéria. Neste ano aparecem no registro o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel; o chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz; o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau; o presidente da França, Emmanoel Macron; a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni; o presidente dos EUA, Joe Biden; o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida; o primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Rishi Sunak; e a presidenta da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Na pauta do encontro, além do apoio contínuo à Ucrânia, especialmente em relação à aquisição de armas e reconstrução de infraestruturas, estão as crises no Oriente Médio, com foco em soluções para conflitos e estabilidade na região. Também será debatida a segurança energética para garantir a estabilidade do fornecimento de energia global.

O Desenvolvimento na África, com ênfase em programas de apoio e cooperação; e a gestão dos desafios apresentados pela inteligência artificial (IA)l, incluindo regulamentação e ética no uso de tecnologias avançadas são outros temas a serem debatidos.

Convidados além do G7

O governo italiano, liderado pela primeira-ministra Giorgia Meloni, anfitriã do encontro, e demais membros do G7, convidaram líderes convidados de outros países: Brasil, Santa Sé, África do Sul, Arábia Saudita, Argélia, Argentina, Emirados Árabes Unidos, Índia, Jordânia, Mauritânia (representando a União Africana), Quênia e Turquia.

Também participam da cúpula representantes de organizações internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU), o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Africano de Desenvolvimento e Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Na sexta-feira (15), a Cúpula do G7 abordará temas como migração e inteligência artificial, uma questão que o Papa Francisco planeja discutir.

Participação brasileira

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participará nesta sexta-feira (14) do segmento de engajamento externo da Cúpula do G7. Ele já foi convidado a participar dos encontro em diversas ocasiões no passado. Esta será a oitava participação dele em cúpulas do grupo.

No segmento de engajamento externo deste ano, que contará com a presença de Lula, deverão ser discutidos, entre outros, os temas de inteligência artificial e de energia, bem como a cooperação com a África e no Mar Mediterrâneo.

Ao desembarcar nesta quinta-feira em Genebra, na Suíça, onde participou de um evento da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Lula conversou com jornalistas na entrada do hotel onde ficou hospedado e falou sobre o que espera da sua participação na Cúpula do G7.

"O G7 é uma reunião um pouco complicada, porque nós somos convidados, nós temos espaço para falar, mas os assuntos que eu quero falar é sobre democracia mesmo, sobre inteligência artificial, sobre a desigualdade, são os assuntos que eu gosto de discutir em qualquer lugar", observou.

O Brasil mantém com os membros do G7 permanente diálogo sobre temas da agenda internacional, seja de forma bilateral, seja no âmbito do G20 e de organismos internacionais nos quais o Brasil e os membros do G7 interagem.

Leia aqui a nota do Itamaraty sobre a participação de Lula na Cúpula do G7.