O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em viagem pela Europa para conferências e encontros com autoridades e chefes de Estado, fez uma declaração forte sobre a guerra na Ucrânia, iniciada pela Rússia no início de 2022, após um jornalista afirmar que o mandatário brasileiro "defende" o presidente russo Vladimir Putin.
Logo após participar do Fórum Inaugural da Coalizão Global para a Justiça Social em Genebra, na Suíça, nesta quinta-feira (13), Lula conversou com a imprensa e foi questionado por um repórter sobre suposto apoio a Putin.
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"Em uma conversa com o presidente Zelensky [Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia], ele e assessores dele admitiram que erraram com a América Latina, que não souberam conversar com a América Latina, mas, por outro lado, eles não entendem essa defesa que o senhor faz às vezes do Putin", disse o jornalista.
Lula, então, interrompeu e expôs seu posicionamento sobre o conflito. Segundo o mandatário, o Brasil não tem lado na guerra e só participará de reuniões pela paz se os dois países, Rússia e Ucrânia, estiverem envolvidos nas negociações.
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"Não, eu não faço defesa do Putin. O Brasil foi o primeiro país a criticar a Rússia pela invasão de um país. O que eu não faço é ter lado. O meu lado é a paz. Meu lado não é ficar do lado do Zelensky contra o Putin ou do Putin contra o Zelensky. Então, é o seguinte: o Brasil tem uma posição definida, nós estaremos dispostos a participar de qualquer reunião que discuta a paz se tiver os dois conflitantes na mesa. Se tiver Rússia e Ucrânia. Porque senão, não é discutir paz".
O jornalista, por sua vez, emendou uma pergunta, questionado: "Ainda que a Ucrânia ceda territórios para a Rússia?". Lula, então, afirmou que Putin e Zelensky estão "gostando da guerra".
"Eu acho que tem que ter um acordo. Agora, se o Zelensky diz que não tem conversa com o Putin e o Putin diz que não tem conversa com o Zelensky é porque eles estão gostando da guerra. Se não, já tinham sentado para conversar para encontrar uma solução pacífica, que seria melhor tanto para o povo da Ucrânia quanto para o povo da Rússia".
Veja vídeo:
O que Lula e Putin conversaram por telefone
Na última segunda-feira (10), o presidente russo Vladimir Putin e Lula conversaram por telefone para tratar de aprofundamento nos laços estratégicos.
Desde a vitória de Lula, o brasileiro e seu homólogo russo não puderam se encontrar. A expectativa é que o primeiro encontro ocorra em outubro deste ano, na Cúpula dos BRICS que deve ser realizada em Kazan, na Rússia.
De acordom o Kremlin, a conversa foi focada no aprofundamento de laços estratégicos e na resolução de paz proposta por Brasil e China para a questão ucraniana.
"O presidente russo, Vladimir Putin, conversou por telefone com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente brasileiro manifestou seu desejo de contribuir na busca de opções para uma resolução pacífica do conflito na Ucrânia, o que se reflete na […] conhecida iniciativa conjunta do Brasil e da China nesse sentido", informa o comunicado da presidência russa.
"As partes manifestaram interesse mútuo em aprofundar ainda mais o desenvolvimento bem-sucedido da parceria estratégica entre a Rússia e o Brasil em todas as áreas principais. Foi acordado, em particular, continuar a cooperação estreita entre os dois países, tendo em conta a presidência da Rússia no BRICS e a presidência do Brasil no G20 neste ano", completou o Kremlin.
Na comunicação brasileira, o enfoque foi o esforço de paz do presidente Lula para tentar cessar as hostilidades na Ucrânia.
"O presidente Lula reiterou a defesa de negociações de paz que envolvam os dois lados do conflito, em linha com documento assinado pelos assessores presidenciais Celso Amorim e seu homólogo chinês Wang Yi", diz a nota.
Recentemente, a presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento Dilma Rousseff se encontrou com o Putin e ambos ampliaram conversas para a desdolarização do comércio entre os países.