RECUO

Presidente sul-coreano cancela golpe de Estado após reação do parlamento e da sociedade

Yoon Suk Yeol promete revogar Lei Marcial após pressão da Assembleia Nacional

Yoon Suk Yeol promete revogar Lei Marcial após pressão da Assembleia Nacional.. Presidente da Coreia do Sul recua do golpe. Créditos: FMT
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O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, anunciou que suspenderá a lei marcial decretada na noite de terça-feira (3), após a Assembleia Nacional aprovar uma resolução unânime exigindo seu fim. Por lei, Yoon precisa convocar seu gabinete para formalizar a revogação.

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A declaração de lei marcial, feita em um discurso não anunciado, foi recebida com ampla reprovação e provocou manifestações em Seul. Milhares de pessoas protestaram de forma pacífica, enquanto a oposição acusou Yoon de agir ilegalmente para consolidar poder.

Yoon justificou sua decisão alegando que a oposição estaria tentando “derrubar a democracia livre”, mas enfrentou críticas até mesmo dentro de seu próprio partido. Han Dong-hoon, líder do Partido do Poder Popular, classificou a medida como equivocada e prometeu trabalhar para revertê-la.

A Coreia do Sul não vivia uma declaração de lei marcial desde o fim da ditadura militar, nos anos 1980. A crise marca um dos momentos mais tensos do governo de Yoon, que desde sua eleição enfrenta um impasse constante com a oposição, que controla o Parlamento.

Em um discurso emergencial transmitido na noite de terça-feira, Yoon havia afirmado que a declaração de lei marcial era necessária para "erradicar forças contra o Estado e defender a ordem constitucional livre". 

O presidente argumentou que a medida visava garantir liberdade, segurança e sustentabilidade nacional, comprometendo-se a "normalizar o país o mais rápido possível".

No entanto, a lei marcial enfrentou forte resistência da Assembleia Nacional, que aprovou uma resolução exigindo sua revogação, e foi amplamente criticada pela oposição, por aliados políticos de Yoon e pela sociedade civil. 

O Partido Democrático, principal força de oposição, classificou a declaração como "inconstitucional" e "um ataque à democracia".

Impacto da Declaração de Lei Marcial

O comando da lei marcial havia emitido decretos severos, proibindo todas as atividades políticas relacionadas ao parlamento, conselhos locais e partidos políticos, além de reuniões, greves e manifestações. 

O controle sobre os meios de comunicação foi estabelecido, e foi ordenado que todos os médicos em greve retornassem ao trabalho em até 48 horas.

Com a decisão de suspender a lei marcial, resta saber como o governo sul-coreano buscará restabelecer a normalidade política em um momento de crescente tensão e instabilidade no país. A situação segue sendo monitorada de perto pela comunidade internacional.

Disputa política

De acordo com a principal agência de notícias da Coreia do Sul, Yonhap, a decisão do golpe de Estado foi tomada depois que o principal Partido Democrático (DP, da sigla em inglês), de oposição, aprovou uma versão reduzida do projeto de lei orçamentária no comitê de orçamento parlamentar e apresentou moções de impeachment contra um auditor estatal e o procurador-geral.

O DP convocou seus legisladores com urgência para a Assembleia Nacional na noite de terça-feira, após a declaração de lei marcial de emergência pelo presidente Yoon Suk-yeol.

O líder do partido de oposição, Lee Jae-myung, chamou a declaração de lei marcial de emergência de Yoon de "inconstitucional", condenando-a como uma medida que "vai contra o povo".

"O presidente Yoon declarou lei marcial de emergência sem motivo", disse Lee.

Sergio Moro da Coreia do Sul

Yoon, líder do golpe de Estado na Coreia do Sul, é frequentemente comparado a Sergio Moro, ex-juiz brasileiro, ex-ministro do governo de extrema direita de Jair Bolsonaro e atual senador da República pelo União Brasil do Paraná, devido a suas transições do judiciário para a política.

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Ambos ganharam notoriedade em investigações de combate à corrupção, com Yoon atuando como procurador-geral sul-coreano e Moro como juiz da Lava Jato. Suas carreiras políticas são marcadas por discursos polarizadores e acusações de viés e seletividade.

Enquanto Yoon, descrito como adepto do "K-Trumpismo", se posicionou como salvador contra a corrupção, Moro seguiu trajetória semelhante no Brasil, prometendo "limpar a política". Apesar de suas vitórias eleitorais, ambos enfrentam críticas por suas conexões políticas com a extrema direita e a politização da justiça.

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