Um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA afirmou que "haverá consequências" para a Venezuela caso as "condições estabelecidas" para as eleições do país no ano que vem não sejam seguidas.
Desde o início da guerra na Ucrânia, os EUA têm intensificado sua narrativa belicista contra seus inimigos no Sul Global e feito ameaças mais claras contra países que não rezam segundo a cartilha de Washington.
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O acordo envolve o alívio das sanções energéticas impostas pelos EUA à administração do presidente Nicolás Maduro em troca da implementação de medidas para abrir o processo eleitoral, incluindo a permissão de observadores da União Europeia. Um dos mediadores do acordo foi o presidente Lula.
De onde vem a ameaça?
No dia 16 de outubro, o governo venezuelano e a oposição chegaram a um acordo sobre as novas condições eleitorais para o pleito de 2024. Neste 22 de outubro, foram realizadas primárias presidenciais no país.
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O problema é que a Suprema Corte decidiu que dois dos candidatos de oposição, em especial Maria Corina Machado, porque ela já estava inelegível por ter utilizado dois cargos públicos simultaneamente em 2014.
Corina venceu as primárias dentro de seu partido e era o nome mais forte da oposição para tentar vencer Maduro. Os EUA, claro, adoraram. Mas agora, com a resposta da Suprema Corte, voltam ao tom belicista.
"O governo tomará medidas contra Maduro e seus representantes caso não cumpram os compromissos da rota eleitoral”, disse o porta-voz a um veículo colombiano.
O senador democrata Bob Menéndez reforçou as ameaças. "Deve haver graves consequências após a decisão deste tribunal ilegítimo caso Maduro não permita eleições livres e justas no próximo ano”, acrescentou em um comunicado.
A ameaça da Casa Branca, porém, pode ir além das sanções econômicas que os EUA já impõem contra Caracas. Com a escalada nas tensões entre Venezuela e Guiana por uma disputa territorial, não se pode tirar o conflito do mapa.
Em setembro de 2023, o ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Yvan Gil Pinto, denunciou que existem fortes evidências de que os EUA querem implantar uma base militar na região da Guiana Equesiba, ponto de disputa entre Venezuela e Guiana.
Uma pedra no sapato
A Venezuela tem uma das economias que mais cresce no continente, chegando ao patamar de 6,5% em 2023. Desde 2020, o país tem conseguido crescer e tem chegado aos resultados pré-sanções dos EUA, conseguindo contornar muitos dos problemas que os EUA tentaram causar para destruir o governo Maduro.
Os EUA também tiveram que reduzir as hostilidades econômicas contra a Venezuela após a Guerra da Ucrânia para poder adquirir petróleo mais barato, com os preços internacionais nas alturas.
Porém, a amizade não duraria muito tempo. A mensagem dos EUA é clara: a oposição tem que ganhar as eleições. Depois de diversas tentativas de golpe contra o governo Maduro, Washington tenta mais uma vez ver os venezuelanos de joelhos e causar o caos em Caracas.