Nas últimas semanas, os observadores mais atentos sobre os conflitos na América Latina tem observado uma intensificação na retórica sobre o conflito entre Guiana e Venezuela pela região do Essequibo ou Guiana Essequiba, na Amazônia.
Tanto lideranças venezuelanas como lideranças dos EUA, além de políticos guianeses, tem falado mais sobre o território disputado por conta da exploração de petróleo na região disputada.
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Uma guerra entre Venezuela e Guiana não está prestes a acontecer, mas com diversos conflitos de escala global crescendo ao redor do mundo e a necessidade dos EUA de fragilizar o presidente Nicolas Maduro, pode haver alguma escalada nesse sentido.
Neste artigo, vamos entender melhor o que está por trás dos conflitos territoriais entre Venezuela e Guiana e o que está em jogo na região da Guiana Essequiba.
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Venezuela x Guiana - origens do conflito
O conflito entre Venezuela e Guiana tem suas origens em uma disputa territorial sobre a região de Essequibo, que remonta ao final do século XV, no período colonial, quando ambos os países eram controlados por potências europeias.
A região do Essequibo é uma região de mata fechada, com baixa densidade populacional, mas que possui petróleo, minério e populações, em sua maioria indígenas, que vivem na região.
A disputa reacendeu nos últimos anos devido ao contrato da Guiana com a ExxonMobil para explorar petróleo offshore na área em disputa. Embora seja improvável que essa instância específica escalasse para um conflito armado, as tensões em torno de recursos cobiçados continuarão a ocorrer.
O conflito foi dominado pela diplomacia no período anterior à descoberta de petróleo, enquanto o período pós-descoberta de petróleo tem sido mais difícil.
A Guiana é a economia que mais cresce na região e, com a exploração privada de petróleo, acabou sendo a nova menina dos olhos dos EUA na região.
O país possui reservas significativas de petróleo, especialmente no Bloco Stabroek, operado pela ExxonMobil. São mais 5 bilhões de barris de reservas provadas, que certamente aumentarão com novas descobertas.
Em fevereiro de 2020, a primeira fase do campo de Liza estava produzindo 120.000 barris por dia, com planos de aumentar a produção para 340.000 barris por dia até o final de 2019 e 1 milhão de barris por dia antes do final da próxima década.
Os EUA utilizam o país para pressionar politicamente a Venezuela, que, desde 1999, é governada por um grupo político anti-imperialista e contra a influência americana na região.
Atualidade do conflito
O tema está sendo abordado na Corte Internacional de Justiça (CIJ), mas a Venezuela alega que as fronteiras válidas são as de 1966, estabelecidas em acordo com a Inglaterra antes da independência guianesa. Já a Guiana quer os acordos de Paris de 1899, que defende suas fronteiras atuais.
Em 3 de dezembro, a Venezuela convocou uma consulta popular para saber qual é a posição dos venezuelanos sobre a região de Essequibo.
As forças de defesa da Guiana tem 4,6 mil pessoas e é menor do que muitas PMs de estados brasileiros. A Venezuela possui um forte exército, com investimento militar alto e apoio de países como Rússia e Irã.
Caso a Venezuela deseja anexar a Guiana, poderia fazê-lo sem grandes perdas militares. O problema é político: o que os EUA fariam contra Caracas? Quais seriam as sanções contra os venezuelanos a partir da comunidade internacional? Haveria apoio político interno para uma guerra com fins puramente econômicos?
Ainda que a retórica tenha escalado, muitos consideram difícil que exista um aumento de hostilidades entre Venezuela e Guiana nos próximos anos e, a depender da decisão da CIJ, tudo pode ser resolvido de maneira diplomática.