A epidemia das bets - jogos de apostas online - chegou ao Palácio do Planalto após o Banco Central (BC) divulgar relatório que aponta que as bets consumiram R$ 3 bilhões dos beneficiários do Bolsa Família.
O relatório do BC também revela que 5 milhões de beneficiários destinaram parte de sua renda para as apostas. O valor total corresponde a 21% dos R$ 14,1 bilhões desembolsados pelo governo federal ao programa – ou seja, a cada R$ 5 pagos, R$ 1 foi gasto em bets.
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Diante de tal cenário, em que se observa uma verdadeira epidemia das bets atingindo pessoas de todas as classes sociais, o presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Isac Sidney, defendeu que, enquanto não houver regulamentação das apostas online, o pagamento via Pix para apostas online seja suspenso.
O presidente da Febraban, durante entrevista à Folha de S. Paulo, também alertou para a possibilidade do surgimento de uma "bolha de inadimplência" com o avanço das bets.
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"Se não for possível proibir de imediato o pagamento com Pix, ao menos que se estabeleçam limites de valores máximos para apostas com Pix, tal como o BC já limita transações à noite", declarou o presidente da Febraban.
Lula quer urgência na regulamentação das bets
Após tomar conhecimento dos dados levantados pelo Banco Central sobre as bets, o presidente Lula (PT) pediu urgência para que alguns ministros preparem um pacote para conter a epidemia dos jogos de apostas online.
A missão deve envolver os Ministérios da Fazenda, Saúde, Desenvolvimento e Assistência Social e Combate à Fome, e a Casa Civil.
De acordo com informações do jornal O Globo, na próxima quarta-feira (2), o governo federal deve anunciar um grande pacote de medidas em torno dos caça-níqueis digitais.
Entre as ações do governo Lula, o pacote deve propor restrições às propagandas das bets, entre elas a proibição de citar a chance de ficar milionário com os jogos.
Segundo dados do BC, foram gastos via Pix entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões por mês desde janeiro.
Os dados revelados pelo BC causaram espanto no governo federal, que se preocupa com o endividamento, o vício nas apostas online e o risco crescente de inadimplência nas famílias.
O governo federal também afirmou que, a partir da próxima terça-feira (1), apenas as 113 empresas que pediram ao governo autorização para funcionar e que estão seguindo as regras definidas pela Fazenda poderão continuar operando. O Palácio do Planalto estima que existam outras 500 plataformas de apostas online que não possuem autorização e que terão suas atividades encerradas.