Dados divulgados recentemente pelo Banco Central revelam o que pode ser uma crise de ordem socioeconômica, e de saúde pública, sem precedentes no Brasil: o vício em jogos de azar. Depois que o Congresso aprovou a lei que autorizou a operação das empresas de apostas no país, em dezembro do ano passado, os brasileiros das mais diversas classes sociais estão gastando uma fortuna com esse tipo de “diversão”, mas o torra-torra de dinheiro já traz impactos em vários setores da vida nacional e pode transforma-se, em pouquíssimo tempo, num problema difícil de se resolver.
Segundo os números, só de janeiro a agosto deste ano, a população já gastou R$ 168 bilhões com as tais bets, isso levando em consideração apenas as transações realizadas por Pix. Pelos valores, é possível projetar que os brasileiros deixarão com essas empresas a insana quantia de R$ 216 bilhões até o fim de 2024. As projeções mais “otimistas” dos entusiastas do processo de legalização das bets era de um gasto em torno de R$ 150 bilhões para todo o ano, ou seja, pelo menos 44% acima do que era previsto.
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Diversas pesquisas têm mostrado que muita gente está deixando de gastar com itens e serviços essenciais, como alimentação, educação, transporte, lazer e turismo, por exemplo, para destinar o dinheiro à jogatina digital. Um dado também revelado pelo BC assusta: de todo o montante usado pelo Tesouro Nacional às famílias beneficiárias do programa Bolsa Família, que representa R$ 14 bilhões, 20%, ou seja, R$ 3 bilhões, foram gastos com apostas.
O BC também constatou o que as associações ligadas ao comércio e ao varejo já tinha identificado. A inadimplência e o endividamento entre as famílias explodiram no país e a resposta dos cidadãos nesta situação é sempre a mesma: estão gastando com bets.
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