A escalada dos conflitos entre Israel e Palestina em resposta ao ataque do grupo fundamentalista islâmico Hamas no dia 7 de outubro já deixou milhares de vítimas. Mais de 5 mil palestinos foram mortos, metade deles crianças, e cerca de 1.400 israelenses.
Diante do impasse e passividade do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), que com um único veto dos EUA empacou uma busca de solução por vias diplomáticas, é difícil antever qualquer possibilidade de pacificação do horror em curso.
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Se a vida real não traz respostas, talvez a ficção possa apontar caminhos e irrigar as esperanças para que, enfim, seja celebrado um acordo em uma questão que já dura mais de sete décadas.
Uma sugestão de paz da ficção
O filme Abe, de 2019, conta a história de um garoto de 12 anos que é filho de pai palestino-muçulmano e mãe judia-israelense. O longa-metragem é ambientado no bairro do Brooklyn, na cosmopolita Nova Iorque (EUA).
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Apesar dos milhares de quilômetros que separam Abe (Noah Schnapp, de Stranger Things) e sua família da Faixa de Gaza, epicentro do atual capítulo do conflito israelense-palestino, os embates entre a família do pai e da mãe do garoto dão o tom de confronto e cizânia das refeições com a família ampliada.
Ele tenta agradar os dois lados da família, mesmo que o pai Amir (Arian Moayed) tente dissuadi-lo de ter qualquer religião e a mãe Rebecca (Dagmara Dominczyk) o incentive a procurar sua própria identidade.
Enquanto planeja seu bar mitzvah - ritual religioso judaico e celebração familiar que comemora a maioridade religiosa de um menino em seu 13º aniversário - Abel faz jejum para o Ramadã - nono mês do calendário islâmico, observado pelos fiéis em todo o mundo como um mês de jejum, oração, reflexão e comunidade.
Abe, apesar da pouca idade, é um cozinheiro apaixonado. Ele busca na gastronomia uma maneira de conciliar as visões de mundo das duas parcelas da sua identidade: palestina-muçulmana e israelense-judia. Mas suas tentativas acabam em discussão e brigas.
Inspiração na gastronomia brasileira
Depois de uma dessas refeições acabar em confusão, Abe parte em busca de inspiração culinária pelas ruas do bairro onde mora. Durante as andanças ele encontra um chef brasileiro, Chico (Seu Jorge), que mistura, a partir da brasilidade, várias culinárias do mundo para promover a união entre as pessoas.
Abe decide passar as férias de verão na cozinha de Chico e se torna o seu pupilo. O garoto começa fazendo tarefas simples, como lavar a louça e recolher o lixo, mas acaba conquistando a oportunidade de aprender e crescer como cozinheiro.
Essa jornada o ensina para além da gastronomia e o conduz a reflexões sobre sua família e suas escolhas religiosas e o trajeto para entender sua própria identidade religiosa.
Trilha sonora tupiniquim
Além das diversas referências brasileiras, principalmente com a gastronomia, a trilha sonora do filme também é recheada com música do Brasil. Como “Brigas nunca mais” e “Samba de uma Nota Só”, de Tom Jobim; “Todo Homem”, de Zeca Veloso, e “Meia Lua Inteira”, de Carlinhos Brown.
O filme é um sopro de esperança diante do horror que assombra a humanidade com a escalada do conflito Israel-Palestina. Está disponível na plataforma de streaming Netflix.
Ficha técnica
Escrito por Fernando Grostein Andrade (Encarcerados) com os roteiristas palestinos Lameece Issaq e Jacob Kader, o filme conta a história de Abe (Noah Schnapp), 12 anos, que cozinha para unir a família metade de origem palestina e metade israelense. Pelas ruas do Brooklyn, Abe conhece Chico Catuaba (Seu Jorge), um chefe brasileiro que mistura sabores do mundo todo em uma feira gastronômica de rua. Explorando a vida e Nova Iorque, escondido dos pais, Abe faz um pedido especial para Chico: quer trabalhar e aprender “fusion food”.
Assista ao trailer