APESAR DE PROIBIÇÕES

Com 100 mil em Londres, protestos contra Israel se espalham pela Europa

Berlim proíbe manifestação prevista para este domingo

Cumplicidade.O apoio do Reino Unido a Israel foi denunciado na marcha de Londres como cumplicidade à matança de palestinosCréditos: Reprodução de vídeo
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Protestos massivos em defesa dos palestinos ganharam as ruas de várias cidades neste sábado, numa dimensão inesperada até pelos organizadores.

Em Londres, a polícia estima que 100 mil pessoas lotaram o centro da cidade.

Também houve manifestação em Cardiff, diante do Parlamento do País de Gales.

Em Belfast, na Irlanda, o protesto foi em frente a sede local da BBC, com gritos de "vergonha" dirigidos à cobertura do conflito feita pela emissora pública britânica, vista como pró-Israel por ativistas.

Já em Dublin, havia cartazes pedindo cessar-fogo e suspensão na venda de armas para Israel.

Em Roma e Milão, na Itália, milhares de pessoas condenaram os bombardeios de Israel a Gaza.

Hungria, Áustria, Holanda, Suiça e França baniram ou limitaram protestos pró-Palestina, alegando razões de segurança.

Na Alemanha, 7 mil pessoas foram às ruas de Dusseldorf pedir "paz, justiça e dignidade humana" para os palestinos.

Houve manifestações menores em Colônia, Frankfurt, Hanover, Munster e Sttuttgart.

A Anistia Internacional lamentou a tentativa de autoridades europeias de limitar as manifestações:

Em muitos países europeus, as autoridades estão restringindo ilegalmente o direito de protestar. As medidas vão desde aquelas que visam determinados cânticos, bandeiras e cartazes palestinos, até submeter os manifestantes à brutalidade policial e à detenção. Em alguns casos, os protestos foram totalmente proibidos

Em Berna e Zurique, na Suiça, foi o que aconteceu.

Uma marcha prevista para este domingo em Berlim foi cancelada pela polícia.

Na mega manifestação de Londres, a polícia prendeu quem portava publicamente bandeiras do Hamas.

Os protestos nas ruas da Europa vem na esteira de manifestações gigantes que aconteceram no mundo árabe e islâmico na sexta-feira, especialmente na Turquia, na Jordânia e no Egito.

Israel aconselhou seus cidadãos a deixarem os três países e alertou contra viagens ao Marrocos.

PROTESTOS PODEM CRESCER

O futuro dos protestos é imprevisível, uma vez que nas últimas horas Israel determinou o fechamento de 20 hospitais no norte de Gaza.

Segundo a agência de notícias turca Anadolu, dirigentes de quatro hospitais se negaram a atender, alegando que não tem como transferir pacientes em estado grave e bebês prematuros para o sul, onde os bombardeios de Israel continuam.

Panfletos jogados por Israel sobre a cidade de Gaza, o maior centro urbano do território, dizem que quem ficar será considerado aliado do Hamas.

A estimativa é que 700 mil do 1,1 milhão de pessoas que Israel queria tirar do norte de Gaza já se deslocaram para o sul, o que aprofunda a densidade demográfica e potencialmente a crise humanitária, pois aumenta o risco de epidemias de cólera, desinteria e outras doenças.

De acordo com o último balanço divulgado na página do Ministério da Saúde de Gaza, 4.137 palestinos morreram e 13.162 ficaram feridos desde o início dos bombardeios. 70% são idosos, mulheres e crianças. Há o registro de 1.400 desaparecidos, sendo 720 crianças.

Sete hospitais deixaram de funcionar por falta de diesel para os geradores. 21 centros de saúde não mais atendem pelo mesmo motivo. 46 médicos, enfermeiros e agentes de saúde foram mortos e 23 ambulâncias destruídas nos ataques -- sempre segundo os dados do Hamas.

Idealmente, Gaza deveria receber todos os dias 4.000 toneladas de comida e água para dar conta das necessidades básicas da população. Por enquanto, entraram 20 caminhões, com cerca de 400 toneladas.

A discrepância levou o colunista Zoran Kusovac, da Al Jazeera, a concluir que Israel vai continuar limitando a ajuda humanitária com objetivos militares:

Os cercos estão entre as operações militares mais antigas. Quem ataca corta as comunicações e o abastecimento do inimigo, esperando que a privação, a doença e a desmoralização façam com que as forças sitiadas -- e os civis cercados com elas -- parem de resistir e se rendam.