O primeiro ministro Benjamin Netanyahu prometeu um ataque "devastador" ao Líbano se o Hezbollah entrar na guerra que Israel move contra o Hamas. "Será o erro de sua existência", ameaçou.
O grupo militante xiita, apoiado pelo Irã, controla o sul do Líbano e também responde à opinião pública libanesa, que enfrenta profunda crise econômica e rejeita um novo conflito na região.
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O Hezbollah e Israel travaram uma guerra em 2006, com os dois lados cantando vitória mas comentaristas majoritariamente definindo como um "empate".
Desde então, o Hezbollah sofisticou seu arsenal, com mísseis e foguetes de precisão.
Por enquanto, Israel e o Hezbollah trocam fogo numa faixa de cinco quilômetros da fronteira.
Tel Aviv determinou a retirada de moradores. O Hezbollah diz que perdeu dezenas de homens nas escaramuças, que escalaram no domingo.
O líder do grupo xiita, Hassan Nasrallah, tem mantido silêncio desde que o Hamas atacou Israel, matando 1.405 pessoas, a maioria civis, no dia 7 de outubro.
No ataque surpresa, o Hamas fez mais de 200 reféns, inclusive mulheres e crianças.
Israel perdeu mais de 350 soldados, policiais e bombeiros no ataque, as maiores baixas desde a guerra do Yom Kippur, em 1973, quando mais de 2 mil militares israelenses foram mortos.
As estimativas mais conservadoras falam em 8 mil mortos naquela guerra.
Este número pode ser superado pelo conflito atual, que já registra 5.087 mortes em Gaza, 95 na Cisjordânia e 1.405 em Israel.
A perda mais recente de Israel foi numa incursão a Gaza, que o braço militar do Hamas diz ter rechaçado.
APÓLICE DE SEGURO
O Hezbollah é uma espécie de "apólice de seguro" do Irã contra um ataque de Israel a seu território.
Como o Líbano faz fronteira com Israel, uma ofensiva total da milícia xiita contra território israelense poderia causar grandes danos.
Os mísseis e foguetes do Hezbollah, estimados em 150 mil, tem alcance para atingir o porto de Haifa e a capital, Tel Aviv, com potencial de paralisar a economia local.
Analistas militares estão divididos: alguns sustentam que 40% dos mísseis e foguetes do Hezbollah poderiam superar o sistema de defesa Iron Dome; outros argumentam que, depois de uma barragem inicial, Israel dizimaria os lançadores no Líbano.
Em Teerã, que financia o Hezbollah, a guerra por enquanto é retórica.
"Irmãos no crime", diz a manchete do diário Teerã Times, porta-voz do governo, sob uma foto de Joe Biden e Benjamin Netanyahu.
O general iraniano Aziz Nasirzadeh afirmou que "na guerra de Gaza, nós vemos como foguetes baratos da resistência desafiaram o caro e avançado sistema [de defesa] do Iron Dome", numa referência ao sistema anti-mísseis de Israel.
A estratégia de guerra assimétrica do Hamas é a mesma do Hezbollah. Porém, este dispõe de armamento muito mais sofisticado, inclusive drones de ataque.
Nas últimas horas, Hamas e Hezbollah aparentemente lançaram de forma coordenada três drones "suicidas" contra instalações militares de Israel, desde Gaza e o sul do Líbano.
Israel diz que destruiu os drones.
Nas escaramuças com Israel até agora, o Hezbollah mirou nos sistemas de monitoramento que Tel Aviv mantém na fronteira.
Por conta da ameaça do Hezzbolah, Israel teve de destinar ao menos duas divisões para proteger o norte do país, com um número estimado em mais de 30 mil soldados.
A infantaria do Hezbollah ganhou experiência lutando na Síria ao lado do regime de Bashar al Assad.
O Exército de Israel, majoritariamente composto de reservistas, tem treinamento desigual.
Porém, a superioridade aérea e o fornecimento de munição sem limites pelos Estados Unidos dão a Tel Aviv a capacidade de explodir não apenas Gaza, mas também o Líbano.