Secretário Municipal de Saúde da administração Ricardo Nunes (MDB), Luiz Carlos Zamarco usou o Hospital do Campo Limpo, na zona sul, de palanque eleitoral na última terça-feira (10) para fazer propagando junto aos servidores, enquanto pacientes ardiam na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), que está sem ar-condicionado há cerca de dois meses.
A visita de Zamarco ao hospital de Campo Limpo foi relatada na coluna Painel, da Folha de S.Paulo, que diz que o secretário de Nunes usou o local pra coagir servidores em um palestra em auditório lotado onde atacou o PT.
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"Eu posso falar de cadeira, porque já trabalhei com o PT e ele não faz absolutamente nada por esse hospital", disparou.
Horas antes, no mesmo dia 10, a TV Globo havia divulgado uma reportagem que mostra o sucateamento da UTI, mesmo após Zamarco mentir dizendo que havia trocado o ar-condicionado do local um dia antes.
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"O ar-condicionado precisava de uma peça que chegou ontem, ele começou a funcionar, você não vai ter a temperatura ideal ainda hoje lá, mas até amanhã quando estiver tudo climatizado vai melhorar", disse.
Mesmo temendo represália, servidores denunciaram à Globo a situação precária do local.
"Tenho pacientes com 40 graus de temperatura, tem medicamento que não funciona com essa temperatura. Nós [funcionários] passamos mal aqui, tem até que ficar com a porta aberta", disse uma servidora à reportagem, sem ser identificada.
Segundo a reportagem, além do calor e da falta de ar condicionado, uma das salas, que tem apenas um ventilador funcionando, teve que ser transformada em ambulatório, com 47 macas ocupadas.
Ao visitar a unidade, o secretário de Nunes fez ameaça velada aos servidores durante seu discurso.
"Eu conheço todo mundo aqui, eu sei quem trabalhou e quem não trabalhou", disse.
Indagado pela Folha sobre o achaque aos servidores, Zamarco disse que foi "provocado" por servidores "mais ligados ao PT".
"Os movimentos e conselheiros têm pessoas mais de esquerda, outros de direita. Alguns deles mais ligados ao PT me provocaram, por isso eu disse que o partido nunca tinha feito nada", disse ao jornal.
Sobre a ameaça aos servidores, o secretário de Nunes desdenhou dos trabalhadores. "Ali tem gente que quer ajudar, quer discutir investimentos, melhorias, e outros que só querem falar. Foi isso que eu disse".