Ativistas indígenas que acompanham a COP-16, evento da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre biodiversidade, que acontece na Colômbia, foram reprimidos com violência ao protestarem contra a tese do Marco Temporal, nesta quarta-feira (30). Entre as lideranças, estava Txai Suruí.
Txai e outros ativistas lideravam uma manifestação durante o evento contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 48, que institui o Marco Temporal sobre terras indígenas, quando foram cercados por dezenas de seguranças da ONU. Os agentes afirmaram que eles não podiam protestar no local e, então, recolheram as credenciais dos jovens. Uma das seguranças chegou a puxar Txai pelo braço de forma violenta, segundo relato da ativista.
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"Ela me pegou pelo braço e minhas mãos estão pintadas com tinta, que simboliza nosso sangue. E ela falou: você me sujou. Aí torceu meu braço. Foi quando comecei a gritar por socorro. Fiquei assustada, não esperava", disse Txai ao UOL.
Os seguranças levaram os ativistas para uma sala de segurança da COP. Eles só foram liberados após intervenção da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. Ao se pronunciar sobre o ocorrido, a ministra saiu em defesa de Txai e dos outros ativistas e afirmou que a ação dos agentes da ONU foi desproporcional. Além disso, Marina declarou que a situação levanta alertas para a COP-30, que será realizada em Belém.
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“Todos nós sentimos por qualquer pessoa que tivesse vivido o que ela viveu, mas ela é uma pessoa muito relevante para todos nós. Não é só um símbolo, ela é uma pessoa com uma ação concreta, efetiva na luta dos povos indígenas, dos direitos das mulheres, dos direitos humanos”, disse a ministra.
Ela acrescentou que a organização da COP buscou as autoridades brasileiros para pedir desculpas pelo ocorrido e reconheceu que a ação dos seguranças foi desproporcional.“Eles disseram que foi uma ação desproporcional, fizeram um pedido de desculpas, e que o pedido de desculpas não era uma coisa só verbal, que se materializava na devolução das credenciais", completou.
Marina Silva finalizou afirmando que o governo vê o ocorrido "como um sinal para que tenhamos todos os cuidados, porque vamos ter uma COP em Belém que vai ter centenas de milhares de populações indígenas e de outros movimentos fazendo manifestações".
Abaixo, veja registros do ocorrido.
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