RACISMO

BBB 23: Acusado de “feitiçaria”, Fred Nicácio faz relato doloroso sobre passado evangélico

Por ser praticante de religião de matriz africana, o médico foi acusado de ter feito "alguma coisa" contra os demais participantes

BBB 23: Acusado de “feitiçaria”, Fred Nicácio faz relato doloroso sobre passado evangélico.Créditos: Reprodução/ TV Globo
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Neste final de semana o Big Brother Brasil foi palco de discurso racista e de intolerância religiosa por parte de Key Alves, Cristian e Gustavo, que acusaram  Fred Nicácio de  ter feito “alguma coisa” (feitiçaria) contra os colegas. O médico é praticante do Ifá, religião de matriz africana oriunda da Nigéria. 

A cena começa com o eliminado Cristian, que chama os colegas e inventa que Nicácio teria feito uma espécie de "trabalho espiritual" para prejudicar os confinados da casa. “Vocês não viram? Eu não sei se ele saiu depois. Acordei e ele estava parado na frente da cama de vocês. Não sei o que ele fez, estou cagado de medo. Ele estava parado, fazendo uns negócios com os negócios dele. Comecei a ficar mal e rezei”, afirmou.

Eliminado do programa, Cristian tentou se explicar. ""Foi um momento complicado. Na hora que eu acordei, ele estava ali, parado [...], mas foi porque ele não conseguiu enxergar mais para passar, até porque tem as malas no chão [...] a gente pensou que fosse alguma coisa de religião, mas realmente não foi nada disso", disse.

O que talvez os brothers não soubessem é que Fred Nicácio foi criado na Igreja Batista, que é de orientação evangélica.  "Eu fui batista. Cresci lá, fui consagrado criancinha, fui batizado com 10 anos. A igreja, cara, me ensinou muitas coisas incríveis, mas também foi um ambiente muito torturador para mim. Eu vi muita coisa que era hipocrisia, vi muita coisa que era hipocrisia dentro da minha casa, nos círculos de diretoria que eu frequentava de jovens, células. Eu vi muita podridão humana”, revelou o médico para Cara de Sapato. 

Apesar do passado doloroso com a igreja, Nicácio a defende. “Quando eu olho para a igreja hoje em dia, eu falo assim: vocês jamais vão me ver falando mal da igreja, jamais. A igreja me deu valores civilizatórios. Antes de eu saber que roubar era crime, eu sabia que roubar era pecado”, conta. 

Apesar de sua experiência positiva, Nicácio revela uma ruptura dolorosa com a Igreja Batista. “Quando eu tive essa ruptura dolorosa com a igreja por causa da minha sexualidade, porque a igreja batista não aceita pessoas gays, foi muito doloroso eu estar na igreja, entender que eu sou um homem gay e que o pastor e as pessoas diziam que 'Deus não me aceitava, não me amava, que o que eu fazia era pecado, sujo e imundo'. Pera aí, então Deus me fez errado? Deus não me ama? Então eu nasci pecador? Você começa a entrar em crises que a igreja não consegue mais te acolher. Eu tive que ter uma ruptura muito dolorosa com a igreja por não ser aceito dentro de onde eu nasci”, revela. 

Posteriormente, Nicácio conta que tentou “mudar” a sua orientação sexual. “Como que eu faço para mudar? Eu fiz jejum, fui para monte orar de madrugada, eu fazia oração de madrugada, eu fazia tudo, tentei namorar meninas e não é assim que funciona. Eu sou assim. O meu desejo é diferente e, por mais que eu pedisse a Deus, nada em mim mudava”, diz Nicácio. 

Confira abaixo a íntegra do depoimento de Fred Nicácio sobre o seu passado na Igreja Batista: