Pércio Bacci, meu tio, era um beque esforçado no futebol amador de Casa Branca, no começo dos anos 50. Tinha o apelido de Di Stefano, não por seus limitados atributos técnicos, claro, mas por ser fã do craque argentino, astro do Real Madrid. Ninguém conseguia convencê-lo de que Zizinho era melhor. Nunca. Pércio Bacci era Di Stefano. Pronto.
Até que um dia, como são-paulino que era, juntou-se a palmeirenses e corintianos na dor de enfrentar o Santos de Pelé. Ou seria o Pelé do Santos? E se rendeu à realidade: Pelé era mais que Di Stefano.
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Maradona? Messi? Sou muito fã, mas nunca invejei. Pelé era e continua sendo minha vacina.
Também não tenho inveja da Geração Dourada, de Scola e Manu. Até torci por eles, nunca sequei. Tivemos Wlamir, Amauri, Rosa Branca ...
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Juan Manuel Fangio e seus cinco títulos mundiais de Fórmula-1? Senna, Piquet e Fittipaldi têm oito.
Monzón? Nicolino Locche? Bonavena? Quem tem Eder Jofre não inveja ninguém.
Guillermo Vilas? Sou mais o Guga.
Eles tem dois Oscars e cinco Prêmios Nobel? Também não tenho inveja. Fernanda Montenegro foi roubada, todos sabemos.
Prefiro um bom Zeca Pagodinho ao melhor Carlos Gardel. E, para humilhar, Alfredo le Pera,o letrista de tantos tangos, como Por uma Cabeza, nasceu em São Paulo.
Perón? Prefiro Luiz Inácio.
Inveja da Argentina, eu só tenho da maneira como eles trataram seus ditadores. Videla e Massera foram condenados à prisão perpétua.
Sem anistia.
Aqui, eles nunca aceitaram ser um servidor da sociedade civil. Nunca se contentaram em ser os dignos defensores da integridade territorial da Pátria. Sempre quiseram ser tutores.
Tentaram um golpe - mais um - e foram derrotados por sua atávica incompetência. E agora, um dos mentores - Braga Netto - foi preso.
Algo inédito. Nem Sylvio Frota, general que tentou um golpe dentro do golpe em 77, foi preso. Apenas passou para a reserva.
Não resta dúvidas que Bolsonaro - se não fugir antes - será o próximo. E será condenado.
Não há mais motivo para inveja! Quarenta anos depois da Argentina, estamos no caminho correto!
Falta muito, mas...
Viva o Brasil!
