CONCURSO DE BELEZA

Miss Itália: quem é a brasileira que venceu o concurso e virou alvo de xenofobia

Modelo baiana foi alvo de comentários preconceituosos após conquistar título para representar país europeu no Miss Universo 2024

Modelo baiana Glelany Cavalcate vai disputar Miss Universo representando a Itália.Créditos: Reprodução/ Instagram @pic.by.sahra
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Glelany Cavalcante, natural de Feira de Santana, Bahia, foi eleita Miss Universo Itália 2024 nesta quarta-feira (18), em San Ferdinando di Puglia. Aos 30 anos, ela se prepara para representar a Itália no Miss Universo 2024, mas tem enfrentado ataques xenofóbicos desde a coroação.

A brasileira superou outras 46 candidatas, sucedendo Carmen Panepinto, Miss Itália 2023, e se prepara para representar o país europeu no Miss Universo 2024, marcado para 16 de novembro, na Cidade do México. “Qual é o sentido de não deixar vencer uma verdadeira italiana????", escreveu um internauta italiano em tom xenofóbico. “Seria o menor problema se ela fosse brasileira, mas ela nem sabe falar italiano, tipo, alguém que diz ‘volio rapresentare l’Italia’, sei lá”, disse um segundo.

A modelo, apesar das críticas, usou seu Instagram para agradecer as manifestações de apoio que recebeu: "Foi o último dia de uma jornada incrível, uma experiência única na vida. Muito obrigada a todos pelo carinho”.

Quem é Glelany Cavalcante

Glelany enfrentou uma trajetória desafiadora antes de alcançar sua vitória. Ainda adolescente, mudou-se para Brasília com seu pai e sua segunda família, onde começou sua carreira como modelo. Viajou por diversas regiões do Brasil, muitas vezes morando sozinha ou hospedada com terceiros. Em São Paulo, concluiu seus estudos e fez um curso técnico para se tornar assistente de voo, embora nunca tenha exercido a profissão.

Uma oportunidade com uma agência de modelos em Milão transformou a vida de Glelany após concluir seu curso. Ela recebeu uma proposta de contrato, com a exigência de ajustar medidas para se adequar aos padrões da semana de moda de Milão. Conciliar a universidade de Direito à noite com sessões de aeróbica às 5 da manhã e seu trabalho como recepcionista em um hospital público foi o desafio que Glelany enfrentou para atingir o objetivo em dois meses.

“Sonhava em ter uma carreira artística, mas, infelizmente, no Brasil ainda é muito difícil viver de arte. Pensei que uma oportunidade internacional certamente aumentaria minhas chances de crescimento e me proporcionaria estabilidade econômica!”, disse a modelo à revista Quem.

Glelany possui cidadania italiana e vive na Itália há 9 anos e é fundadora de uma plataforma de e-commerce de moda, onde combina elementos dos estilos brasileiro e italiano.

O maior desafio de Glelany é conquistar, pela primeira vez, o título de Miss Universo para a Itália, que não vence a competição desde sua estreia em 1952. O país chegou perto apenas duas vezes: Roberta Capua, em 1987, e Daniela Bianchi, em 1960, ambas com o segundo lugar.

A última vez que a Itália figurou entre as finalistas foi em 2014, com Valentina Bonariva no Top 15. Desde então, o país não obteve mais classificações no concurso.  Ela não é a primeira estrangeira a representar a Itália no Miss Universo.