Briosa perde mando de campo e recebe multa após torcida chamar goleiro de “macaco”
TJD puniu o clube devido a ofensas raciais cometidas por torcedores contra Tom Cristian, goleiro da própria Portuguesa Santista
A Portuguesa Santista foi punida pelo Tribunal de Justiça Desportiva (TJD). Após julgamento, nesta quarta-feira (5), a Briosa perdeu um mando de campo, além de ter recebido multa de R$ 50 mil.
A punição ocorreu por causa do episódio de injúria racial envolvendo seus torcedores, que ofenderam o goleiro Tom Cristian, da própria Portuguesa, durante um jogo pelo Campeonato Paulista da Série A-2, no Estádio Ulrico Mursa, em Santos.
O clube foi considerado responsável pelos fatos lamentáveis, com base no artigo 243-G, parágrafos 1º e 2º, do Código Penal de Justiça Desportiva.
A legislação prevê como infração a prática de atos discriminatórios relacionados a preconceitos por etnia, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou deficiente, e estabelece punições como multa ou até a perda de pontos.
O advogado do clube, Rafael Cobra, conseguiu desqualificar a denúncia e, com isso, impediu que a Briosa perdesse pontos na competição.
Caso isso acontecesse, a Portuguesa Santista seria rebaixada automaticamente para a Série A-3 do Campeonato Paulista. O próximo jogo da equipe será neste sábado (8), às 15 horas, contra o Votuporanguense, em Ulrico Mursa.
O advogado deve ingressar com um recurso nesta quinta-feira (6). O objetivo é tentar obter um efeito suspensivo da perda do mando de campo até que o recurso seja julgado, além de diminuição do valor da multa, de acordo com informações do SantaPortal.
Relembre o caso
A partida entre Portuguesa Santista e São José, no dia 20 de fevereiro, em Estádio Ulrico Mursa, foi marcada por cenas revoltantes. Os torcedores da Briosa promoveram ofensas raciais contra o goleiro do próprio time, Tom Cristian.
Os insultos provocaram o encerramento do jogo, com derrota santista por 3 a 0. O fato foi relatado na súmula e o goleiro registrou boletim de ocorrência (BO).
O árbitro Henrique Otto Cruz Hengstmann detalhou que as ofensas tiveram início aos 30 minutos do segundo tempo, logo após o São José marcar o terceiro gol.A partir daí, torcedores que estavam atrás do gol xingaram o jogador, o chamando de “macaco”, “preto” e “filho da p*”. Além disso, atiraram objetos ao gramado.Na súmula também consta que não foi possível identificar os responsáveis pelas ofensas. Entretanto, o crime racial foi testemunhado por mais quatro jogadores da Briosa: os zagueiros Bruno, Sorriso, Wellington e o volante Léo Mancha.
No momento em que os atletas relataram o fato ao árbitro, o jogo foi paralisado e, após 23 minutos, todos os jogadores e integrantes da comissão técnica da Briosa deixaram o campo. Diante deste cenário, o jogo foi encerrado.
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