A atriz Fernanda Torres teve que pedir desculpas nesta semana, por ter feito, em 2008, ao lado do colega Evandro Mesquita, o esquete Sexo Oposto, exibida no programa Fantástico, da TV Globo, em que ela aparece de blackface, ou seja, com o resto pintado de preto, no caso para interpretar uma empregada doméstica.
O cantor e compositor Chico Buarque também apareceu de blackface na década de 80, em um clipe ao lado de Gilberto Gil, em sua composição “A mão da Limpeza”, que é justamente um protesto contra o racismo. A canção fala com repúdio sobre um ditado racista:
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O branco inventou que o negro
Quando não suja na entrada
Vai sujar na saída, ê
Imagina só
Vai sujar na saída, ê
Imagina só
Que mentira danada, ê
No clipe, Chico aparece de blackface e Gil de whiteface. A blackface, quando um branco aparece com o rosto pintado de negro, sempre foi usada para fazer troça de cidadãos afro-americanos. No caso, os dois aparecem para dizer exatamente o contrário. Já ocorreram várias tenttativas frutradas de desquaificar Chico por conta deste clipe. Nenhuma delas colou, obviamente.
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Veja o clipe abaixo:
O caso da Fernanda Torres
A denúncia sobre Fernanda Torres veio por conta da acirrada campanha pelo Oscar. Ela concorre como Melhor Atriz por sua atuação no filme “Ainda estou aqui”, de Walter Salles. Seu pedido de desculpas foi elegante e sincero:
“Há quase vinte anos, eu apareci fazendo blackface em um esquete de um programa de TV brasileiro. Eu sinto muito por isso. Estou fazendo esse comunicado, pois creio ser importante tocar nesse assunto e evitar mais dor ou confusão”, diz a atriz no texto. “Na época, apesar dos esforços dos movimentos negros, a consciência sobre a história do racismo e o simbolismo do blackface ainda não eram tão conhecidos. Graças a um melhor entendimento cultural e feitos importantes, mas ainda insuficientes, de avanço nesse século, é claro que, hoje, em nosso país e em todo o mundo sabemos que o blackface é inaceitável. Essa é uma conversa importante que precisamos continuar tendo para prevenir a normalização de práticas racistas. Enquanto uma artista e cidadã global, e de coração aberto, me mantenho atenta e comprometida com a busca por mudanças vitais para que possamos viver em um mundo livre de desigualdades e racismo.”