Você, homem, se importa com as mulheres? O machismo, não – Por Danilo Tavares
A mulher é frequentemente alvo de violência cotidiana e de revitimização nas redes sociais
Este texto é de homem para outros homens: Quantas vezes você já se sentiu pressionado a agir de uma certa forma porque “é coisa de homem?”. Já teve dificuldades para expressar seus sentimentos ou sentiu raiva e frustração sem saber como lidar com isso? Nós, homens, crescemos dentro de um modelo que nos ensina a ser duros, a não demonstrar fragilidade e, muitas vezes, a resolver conflitos pela violência. Mas será que esse caminho nos faz bem? Será que não estamos perpetuando um ciclo de dor que machuca os outros e a nós mesmos?
A violência contra a mulher é uma realidade alarmante que afeta milhões de brasileiras anualmente. De acordo com a 5ª edição do relatório “Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil”, realizada pelo Instituto Datafolha a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 37,5% das mulheres sofreram algum tipo de violência nos últimos 12 meses, o que representa 21,4 milhões de brasileiras de 16 anos ou mais. Esse é o maior índice já registrado desde 2017. Um dado ainda mais preocupante é que 91,8% das agressões foram testemunhadas por outras pessoas, e 86,7% dessas testemunhas pertenciam ao círculo social ou familiar da vítima. Mesmo diante desse cenário, quase metade das mulheres violentadas (47,4%) decide não denunciar ou procurar ajuda.
Recentemente, um caso em São Vicente ganhou destaque: o presidente do partido Republicanos na cidade foi afastado após sua esposa denunciá-lo por agressão e abandono familiar. Esse episódio demonstra que a violência doméstica ocorre em todas as camadas sociais e políticas, e que é fundamental que as vítimas se sintam encorajadas a denunciar seus agressores. No entanto, além da agressão física e psicológica sofrida, a vítima foi revitimizada de outra forma: perfis de redes sociais e alguns homens divulgaram fotos vazadas da mulher para atacar o agressor. Essa atitude não teve como objetivo apoiar a vítima, mas sim expô-la ainda mais e instrumentalizar sua dor em busca de ganhos políticos e midiáticos. Esse episódio evidencia que o machismo não se importa com a mulher, mas sim com a manutenção de suas estruturas de poder e dominação.
Para combater efetivamente essa violência é essencial que nós, homens, reconheçamos a importância de buscar ajuda para lidar com sofrimentos mentais e descontrole comportamental. A manutenção de padrões violentos não apenas prejudica as mulheres, mas também impede que tenhamos uma vida saudável e relações sociais, comunitárias e familiares equilibradas. Procurar apoio psicológico e participar de grupos de reflexão sobre masculinidade são passos fundamentais para desconstruir padrões nocivos e promover uma convivência mais justa e respeitosa. O combate ao machismo ocorre com a mudança de comportamento individual e coletiva, e só assim poderemos construir uma sociedade mais segura e igualitária para todos.
Se você é homem e quer refletir sobre o quanto o machismo afeta negativamente sua vida e buscar uma masculinidade restaurativa, participe do grupo DIAMAR - Diálogos Masculinos Restaurativos, que promove o Grupo Reflexivo de Homens, com encontros semanais de 2 horas na modalidade virtual. O objetivo é oferecer um espaço de acolhimento e cuidado, onde os participantes possam exercitar o autoconhecimento, repensar suas relações e comportamentos e ressignificar suas masculinidades de forma mais humana e saudável.
“O DIAMAR é um espaço aberto para todos os homens, onde cada um pode falar e ser ouvido sem medo de julgamento. Aqui, trocamos experiências, aprendemos a lidar melhor com nossas emoções e construímos caminhos para resolver conflitos sem violência. Nosso objetivo é fortalecer o lado emocional e o diálogo, para que possamos ter relações mais saudáveis em casa, no trabalho, com amigos e na comunidade”, destaca Reginaldo Bombini, coordenador do DIAMAR.
Para mais informações, entre em contato pelo e-mail projetodiamar@gmail.com ou pelo perfil @projetodiamar nas redes sociais.
*Danilo Tavares (@danilotavaressol) é produtor cultural, funcionário público municipal e secretário de comunicação do PSOL de São Vicente, além de membro do Conselho de Economia Solidária de São Vicente e do Fórum de Economia Solidária da Baixada Santista e diretor da Casa Crescer e Brilhar.
**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.