ESPIONAGEM ILEGAL

'Abin Paralela' monitorou o Alexandre de Moraes errado, aponta PF

Procura no sistema de monitoramento Firstmile resultou em um homônimo do ministro, segundo relatório da Polícia Federal

Créditos: SERGIO LIMA/AFP
Escrito en POLÍTICA el

O relatório final da Polícia Federal sobre o esquema de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) aponta que um homônimo do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes foi monitorado por engano.

De acordo com a PF, o agente de inteligência Thiago Gomes Quinalia fez quatro pesquisas pelo nome de Alexandre de Moraes Soares por meio do sistema de monitoramento Firstmile, que era utilizado “sem ordens formais, prevenindo-se rastro material das atividades ilícitas”, segundo o relatório. 

O sistema localizou um gerente comercial em Barueri, no interior de São Paulo, conforme o relatório. "Esse monitoramento é considerado sensível, possivelmente relacionado à busca por homônimo de autoridade", diz a PF.

A procura foi feita no dia 19 de maio de 2019, mesma época da instauração do Inquérito 4.781, conhecido como Inquérito das Fake News. Na avaliação dos investigadores, a busca que resultou em um homônimo do ministro foi um erro cometido pelo esquema.

"A utilização de sistemas ilegítimos de consulta, como demonstrado acima, resultava, por vezes, em números de terminais telefônicos erroneamente associados a alvos. A pesquisa no sistema First Mile por homônimo é erro passível de ter sido cometido", diz o relatório.

Monitoramentos ilegais

A PF aponta que também foram monitorados ilegalmente, além do ministro Alexandre de Moraes, os ex-deputados Jean Willys, Rodrigo Maia, Joyce Hasselmann, o ex-governador de São Paulo João Doria e os jornalistas Leandro Demori e Mônica Bergamo.

O agente responsável pela busca de Moraes abandonou o cargo público, e não há informações sobre seu paradeiro. Ele foi demitido do serviço público em 2024.

Bolsonaro era o "principal destinatário", diz PF

O relatório final da Polícia Federal, enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), pontua que Jair Bolsonaro era o “principal destinatário” das informações produzidas pela rede clandestina de espionagem da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante seu governo.

As investigações ressaltam que o esquema operado dentro da Abin, então comandada pelo deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), teria como objetivo fornecer dados sigilosos e monitoramentos ilegais diretamente ao ex-presidente. As informações produzidas pela Abin paralela “eram utilizadas para beneficiar o núcleo político” de Bolsonaro, com ações direcionadas contra adversários e questionamentos ao sistema eleitoral.

Com informações da Agência Brasil

Reporte Error
Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar